As florestas tropicais da América do Sul estão se transformando em Cerrado, o que impactará na sobrevivência de mamíferos que têm como habitat natural ambientes florestais. É o que observam pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade de Miami, nos Estados Unidos, em estudo da revista Global Change Biology.

E para falar sobre esse assunto, o Sagres em Tom Maior desta quarta-feira (28) recebeu a bióloga e principal autora do estudo Lilian Patrícia Sales, e o pesquisador Mathias Mistretta Pires, que falaram da importância de cuidar desses animais.

“Quando falamos de savanização estamos falando de um processo que ocorre onde as florestas acabam sendo modificadas principalmente pela mudanças no clima, pelas mudanças que se tem de precipitação, menos chuva e também está aliado ao desmatamento. Ao longo do tempo vamos tendo uma substituição daquele ambiente de floresta que é fechado por um ambiente cada vez mais aberto, característica da savana do Cerrado”, comenta o pesquisador.

O trabalho mostra que uma parte da fauna do Cerrado, que geralmente tolera ambientes mais abertos e secos, poderá invadir regiões de florestas degradadas e savanizar em decorrência das mudanças climáticas e de ações humanas como desmatamento e queimadas.

Os autores projetam que até o final do século 21, as espécies relacionadas à savana aumentarão entre 11% e 30%, e se espalharão pelas florestas amazônicas e atlânticas.
Paralelamente, as espécies que dependem de ambientes florestais para se movimentar, alimentar e reproduzir, ficarão confinadas em regiões menores com remanescentes de florestas, processo que aumentará a competição por alimento.

O Cerrado tem sido convertido em plantações e pastagens que são inadequadas como o habitat para maior parte de fauna. Enquanto isso os ecossistemas florestais estão sendo degradados e se transformando em ambiente mais seco devido às mudanças no clima, que não são nem florestas, nem savanas de fato.

” O que o nosso estudo sugere é uma substituição de espécie. À medida em que as espécies do Cerrado vão perdendo seu habitat para diferentes tipos de fatores, acaba que as regiões de fronteiras com as florestas vão acabar fornecendo condições para que essas espécies entrem. Então nós como cidadãos vamos olhar para nosso quintal e perceber, ‘poxa esse bicho não estava aqui há 20 anos’, porque há uma substituição de espécie”, afirma Lilian Patrícia.

Confira entrevista na íntegra a seguir no STM #129

TALITA SOUZA é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com a IPHAC e a Faculdade Fasam Sul-Americana sob a supervisão do jornalista Johann Germano.