A Sagres iniciou uma série de entrevistas para avaliar a estrutura da saúde em Goiânia. A primeira entrevista é com a secretária de Saúde, Fátima Mrué, que apresenta a estrutura existente e o que precisa ser feito nas próximas gestões. Fátima afirma que a atual gestão fez uma reestruturação satisfatória no setor.

Atenção primária

São três os níveis de atenção à Saúde: atenção primária, secundária e terciária. Na atenção primária, a secretária vê a rede como “muito robusta”. Contou que foi necessário organizar, qualificar e, também, foi preciso comprar medicamentos e insumos.

Fátima explica que cada unidade tem um nível de complexidade e que a atenção primária serve como porta de entrada do paciente na rede de saúde. Na estrutura da atenção básica, foram entregues três Centros de Saúde da Família, no Setor Novo Planalto, no Residencial Itaipu e no Recanto das Minas Gerais.

Mais três unidades estão em construção, com duas previstas para serem entregues ainda nessa gestão: Setor Alto do Vale e Bairro São Carlos. O Centro de Saúde da Família no Conjunto Riviera tem previsão para janeiro ou fevereiro.

Segundo a secretária, são 196 equipes para cuidar da atenção primária, com uma cobertura em torno de 52%, que ela não considera pequena, mas que ainda precisa ser melhorada.

Fátima alerta que a próxima gestão precisa continuar o trabalho de construção dessas unidades, para sair dos aluguéis. Segundo a secretária, os centros nesses locais não têm a condição necessária.

Atenção secundária

Na atenção secundária, o mais importante é estruturar as unidades de urgência pré-hospitalares e unidades de consultas especializadas. Fátima explicou que a cidade conta com algumas policlínicas (local de conjunto de especialidades da saúde) espalhadas pela cidade, mas com outra nomenclatura, como as UPAs no Setor Novo Horizonte e Urias Magalhães.

A secretária orienta que a próxima gestão precisa estruturar fisicamente algumas unidades e qualificar o atendimento. Na atenção especializada é preciso melhorar a parte diagnóstica, criando um centro diagnóstico em cada um dos sete distritos, com exames de toda a linha cardiológica, ultrassonografia e laboratório para solicitações eletivas.

Fátima afirma que as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) foram o maior salto da atual gestão. Segundo ela, eram apenas duas UPAs no começo da administração e agora serão seis, sendo que duas ainda precisam ser entregues. “Isso significa uma capacidade de atender a população em um número maior”.

Ela esclarece que todas as unidades de urgência passaram por reformas, mas que algumas não tem condições estruturais de serem transformadas em UPA, como o Cais Cândida de Morais. Segundo a secretária de Saúde, o Cais do Bairro Goiá e o Cais Amendoeiras ainda precisam de uma reestruturação mais profunda.

Para Fátima, a próxima gestão precisa descentralizar dois serviços de urgência, a ortopedia e a pediatria. “Não é justo que uma mãe saia lá da Região Noroeste para ter atendimento em outro extremo da cidade”.

Atenção terciária

O nível mais especializado, para pacientes que, geralmente, precisam de procedimentos de alta complexidade. Fátima destacou que a construção de um Hospital Municipal de Goiânia, proposto por alguns candidatos à Prefeitura da cidade, é, de fato, muito importante, pois ajuda no cumprimento de normativas do Ministério da Saúde.

Além disso, o hospital absorveria grande parte das cirurgias de média e alta complexidade. Hoje, os serviços de diagnóstico e tratamento na área de cirurgia vascular são oferecidos no Hospital Geral de Goiânia e no Hospital das Clínicas, que não conseguem atender totalmente a demanda. Com a entrega do novo Hospital das Clínicas, porém, essa situação deve ser amenizada, mas que mesmo assim não será suficiente.

“Ainda que tenha um grande Hospital das Clínicas funcionando plenamente, nós ainda vamos ter serviços. Questão de direcionamento e de fazer os protocolos de encaminhamento. A gente poderia selecionar coisas menos complexas ou pontos focais de algum tipo de assistência neste Hospital Municipal e deixar outras coisas, como, por exemplo, transplante hepático e transplante renal”.

Fátima ainda afirmou que a Maternidade Célia Câmara, que hoje está como hospital referência no tratamento da covid-19, deve ser inaugurada como maternidade ainda este ano. Para finalizar, ela considerou que o principal serviço feito, foi a reestruturação do sistema de regulação. “A regulação, posso dizer, que talvez seja o coração de todo o funcionamento”.