A segunda onda de contaminação pela Covid-19 pode ocorrer em janeiro. A informação é da Superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, que explicou, durante entrevista ao Manhã Sagres, a projeção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com base no crescimento de casos em outros estados e na rota que a doença faz pelo mundo. A superintendente ainda alerta que as festas de fim de ano podem antecipar e agravar o cenário.

“A probabilidade é de um novo crescimento para daqui seis semanas, ou seja, em janeiro. A UFG também já tinha feito uma avaliação apontando exatamente isso (…). Dentro do Brasil, a gente viu São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados do Norte e Nordeste terem a contaminação primeiro. Então eles são os primeiros a terem a segunda onda. Os estados que ficaram por último, como Goiás, terão sua segunda onda por último. É uma dinâmica que estão analisando”, explicou Flúvia.

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Ela aponta que o cenário pode piorar ainda mais com as festas de fim de ano. “Dentro de todos os fatores, essas festas podem ter o maior peso, já que é o comportamento das pessoas. Dependendo disso, a segunda onda, projetada para janeiro, pode ser antecipada e até piorada. Isso nos preocupa muito. Estamos vendo várias festas com milhares de pessoas sem máscara e na maioria jovem. Na Europa, infelizmente, o jovem foi o responsável pela nova disseminação e alta de casos. Aqui em Goiás, a proporção de casos cresceu entre os jovens”, alertou.

INSTABILIDADE NO SISTEMA

Flúvia afirmou que a instabilidade no sistema de notificação do Ministério da Saúde pode gerar a falsa sensação de diminuição de casos e mortes. “Essa instabilidade começou o dia 6 de novembro e ela não acabou. Ontem teve de novo. O sistema não está funcionando na sua plenitude. Essa gangorra e esse sobe e desce acaba gerando problemas nas curvas da doença. Por isso, precisamos olhar a data de ocorrência do óbito e não a data de registro, porque isso me dá a falsa sensação de que estou tendo alta ou diminuição no índice. Não temos que avaliar a data de registro, mas sim quando a morte aconteceu, porque a transmissão ocorreu naquela época e temos tido muitas dificuldades nos sistemas nacionais”.

VENCIMENTOS DE TESTES

A superintendente informou também sobre o prazo de validade dos 43 mil testes RT-PCR, que Goiás recebeu do Ministério da Saúde. Ela explicou que em outubro, o ministério pediu aos estados que fizessem os pedidos de insumos para três meses. “Fizemos a solicitação para novembro, dezembro e janeiro. Na primeira semana de novembro, nós recebemos o quantitativo todo para os três meses. Só que todos os testes vieram com vencimento para dezembro”.

Para fazer esse tipo de teste é necessário o kit de extração e o kit de amplificação. Os produtos com data de validade para dezembro fazem parte do kit de amplificação. “Se não houver uma prorrogação de uso desse kit, a gente não consegue utilizar todos. Ontem, tivemos informação de que já foi solicitado à Anvisa a prorrogação do prazo. E é provável que esse pedido seja contemplado”, afirmou Flúvia garantindo que nesse caso a prorrogação não é prejudicial, já que o fabricante estabelece uma data de vencimento para outubro de 2021. “Isso acontece em várias partes do mundo. As agências reguladoras acabam definindo outro prazo de validade. Pra se ter uma ideia, a caixa dos kits traz um prazo e os tubos trazem outro. Já aconteceu antes de solicitar uma possível verificação da data de validade. Se a Anvisa não liberar, claro que não poderemos usar”, reforçou Flúvia.

Ela ainda ressaltou que Goiás tem utilizado os exames desde que eles chegaram, mas que é necessário levar em conta que não é qualquer laboratório que faz os exames. Em Goiás, o Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), que tem capacidade para mil amostras por dia, e alguns da Universidade Federal de Goiás realizam os testes no setor público.