O Memorial do Cerrado oferece uma programação especial durante a Semana dos Povos Indígenas, que acontece de 17 a 20 de abril no Campus II na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGO). Toda a programação é voltada aos povos originários com uma visitação guiada. O objetivo da exposição e das atividades é para dialogarem entre si, de forma que as crianças e adolescentes compreendam que só é possível conhecer as próprias raízes através da ancestralidade indígena.

Semana dos povos indígenas: Exposição de fotos. Foto: Ananda Leonel

Uma das exposições foi montada dentro do Museu de História Natural e aborda o tema Ancestralidade viva: uma jornada fotográfica pelos povos originários.

“Primeiramente, uma das primeiras coisas que explicamos aqui é a desconstrução do conceito de índio, como explica o escritor indígena Daniel Munduruku, pois o correto é indígena”, explicou a professora da PUC, Leila Miguel.

As fotografias foram feitas entre 20 e 50 anos atrás por fotógrafos não indígenas, como registro documental dos grupos Karajá, Tapirapé, Xavante e Avá-canoeiro. Elas são de autoria de Franca Vilarinho, Jesco Von Puttkammer, Walter Sanches e Antônio Carlos Moura. Além disso, uma série de fotografias antigas de Paula Saldanha retratam vários grupos indígenas.

Leia também:

Outros artefatos indígenas

Durante a visita guiada, Leila apresentou a belíssima cultura indígena, principalmente à respeito do bioma cerrado e a importância da flora, pois através deles vem a arte indígena.

Semana dos povos indígenas: Pintura corporal dos povos indígenas. Foto: Ananda Leonel

“Porque a partir da sua flora eles tem uma das coisas de extrema importância que é a arte indígena. Através da sua arte, pintura corporal e as pinturas que eles fazem, dos seus artefatos e de seus objetos do cotidiano no seu próprio corpo. Os povos originários usam roupas em respeito a nossa cultura. As roupas dos povos indígenas são sua pinturas corporais. Tanto que na sociedade indígena você se torna uma pessoa quando você recebe sua primeira pintura corporal”, afirmou Leila.

Por outro lado, desenhos em papéis produzido por crianças indígenas e o trabalho da mulher indígena também complementam a exposição. Para o povo Karajá/Iny, fazer cerâmica é um trabalho feminino. O conhecimento e a habilidade para a transformação da argila e outros artefatos são adquiridos desde criança.

“A mulher Karajá planta, coleta, faz os trabalhos e a arte também. A cerâmica para ela também é uma forma de arte. Ela vai até a margem do rio, coleta o barro e leva pra casa. Depois disso ela começa a fazer sua cerâmica”, explicou.

Cerâmica do povo Karajá/Iny. Foto: Ananda Leonel

De acordo com a Leila, as mulheres do povo Karajá são as únicas que fazem bonecas. Elas retratam o mundo religioso, cotidiano e as festas da comunidade.

“As ceramistas são verdadeiras artistas que retratam sua cultura através da cerâmica. Uma das coisas que eu acho mais lindo nessa exposição é a onça grávida. Olha a sensibilidade dessa ceramista Karajá observando o seu universo social. Os animais fazem parte da sociedade e dos povos originários”, ressaltou Leila.

Cerâmica de onça produzido por uma ceramista do povo Karajá. Foto: Ananda Leonel

Programação

Outra novidade da programação será a contação de histórias (mitos indígenas), que ocorrerá durante a Semana dos Povos Indígenas, na Vila Cenográfica, atrás da igreja. As atividades ocorrerão das 8h às 17 horas, nos dias 17 a 20 de abril. No dia 19 de abril, especificamente, está prevista uma degustação de doce de buriti.

Como participar da programação?
Para ter acesso à programação, as escolas precisam fazer agendamento pelo telefone: 3946-1711/17-28. O Memorial do Cerrado fica aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17 horas. O valor do ingresso é R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).