Saiu nova pesquisa Serpes, agora publicada pelo jorna O Popular. Em dezembro, foi publicada outra, encomendada pela Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg).

O quadro permanece o mesmo: vantagem expressiva de Ronaldo Caiado (DEM), com disputa pelo segundo lugar entre o governador Zé Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (MDB).

A seguir, uma leitura dos números e fatos relevantes de momento.

 

Ronaldo Caiado

Estimulada: 39,7%

Espontânea: 8,7%

Pesquisa estimulada anterior, de dezembro (Acieg): 44%

 

Caiado tem, neste momento, o chamado cheiro da vitória. É dele a maior perspectiva de poder (a percepção geral), e isso tem efeito forte. Se ele conseguir fazer essa vantagem virar onda, a tendência é crescer e se consolidar a ponto de não ter volta. Se. É o seu dever de casa.

Em 1998, a candidatura da oposição (Marconi Perillo) patinou no início, mas, quando pegou ritmo, se firmou e logo se transformou onda.

A onda ficou evidente em fatos de ampla repercução. Como quando o programa eleitoral do PMDB mostrou, em sua propaganda, uma peça dizendo que o seu candidato (Iris Rezende) tinha ‘um milhão de (votos de) frente’, e isso se voltou contra o próprio partido.

O ‘milhão de frente’, na arte de Nerso da Capitinga, garoto propaganda da oposição, virou espiga de milho, segundo ele o único ‘milhão’ do PMDB. Tipo de coisa, ou piada, que só funciona quando o ambiente está propício.

 

Zé Eliton

Estimulada: 6,7%

Espontânea: 1,5%

Pesquisa estimulada anterior, de dezembro (Acieg): 6,2%

 

As estruturas que historicamente polarizam a disputa no Estado – governo e MDB – ainda não se estabeleceram como o que são em tempos eleitorais: máquinas de campanha.

Zé Eliton e Daniel Vilela têm cerca de três meses para juntar seus “exércitos” e montar barricada. Há tempo.

Eliton vem de uma longa exposição pelo Estado com o ex-governador Marconi Perillo, ambos liderando o programa Goiás na Frente, que leva obras e benefícios para os municípios.

O fato de isso não lhe dar intenção de voto não quer dizer que o trabalho foi perdido. É como a base de uma casa. Foi criada. Agora é erguer paredes, e ele fará isso já como governador.

Com a caneta na mão, ele terá uma exposição diferente e um poder também diferente para convencer e persuadir sua base. Bem aproveitado esse ‘detalhe’, é canhão na mão.

 

Daniel Vilela

Estimulada: 6,2%

Espontânea: 1,0%

Pesquisa estimulada anterior, de dezembro (Acieg): 12.1%

 

Daniel se expôs menos ao longo dos últimos meses. Sua ação foi mais interna, de convencimento dos emedebistas de que seria candidato.

E tal fato é relevante: ele não lutou até agora para conquistar o apoio popular, e sim para convencer de que não ia desistir ou não seria atropelado.

A partir de agora ele andará pelo Estado como pré-candidato consolidado, e falará para seus companheiros de legenda como o representante de todos. Estará com a senha para puxar a militância.

A seu favor ainda estará a máquina federal. O presidente Michel Temer já deixou claro que quer fortalecer o MDB nas eleições, com ou sem candidato próprio. E tem a possibilidade de Henrique Meirelles estar na disputa.

Em resumo: estrutura é o que não vai faltar a Daniel para negociar apoios até as convenções.

 

Kátia Maria

Considerando-se a longa exposição negativa do PT, com Lula preso, e o fato de que ela nunca foi colocada em listas de possíveis candidatos ao governo, entra como surpresa no levantamento a presidente do PT, Kátia Maria.

O PT aposta na candidatura de Lula. Vai insistir nela. Em Goiás, o partido fala exatamente em lançar nome próprio. Kátia é a novidade

 

PSOL

O Psol tem dois pré-candidatos. Um deles já disputou mandato de governador: Wesley Garcia (0,9%). Mas quem está ligeiramente à frente é Fabrício Rosa (1,0%).

Detalhe: PT e Psol podem se aliar na candidatura a presidente. E em Goiás?

Traduzindo

  1. Caiado precisa segurar o capital que acumulou, e ampliar. E precisa fazer isso sem estrutura, sem máquinas pesadas como governo em MDB.
  2. Zé Eliton não tem tempo a perder: ou ele se firma segurando sua base e colocando essa base para defender sua candidatura, o que ainda não acontece, ou perderá de vez o fio da meada.
  3. Daniel confia em conversas com PP e PSD, mas não avançou nas alianças. Mostrar capacidade de aglutinação é essencial, para não morrer no deserto da completa ausência de perspectiva de poder/vitória. E melhorar os índices de intenção de voto é questão de vida ou morte eleitoral por antecipação.
  4. Outra candidatura a governador, por ora, não é realidade.

 

A ver

Hoje, a grande massa de apoiadores e potenciais apoiadores de Ronaldo Caiado é formada por gente ligada ao governo e ao MDB.

Quer dizer: gente que está com um pé lá e outro cá. Em duas canoas.

Começando de verdade a reta final das negociações para a chegada das convenções, essa gente fica firme de que lado: do lado de Caiado, ou do lado para o qual sempre pendem?

Essa gente, modo de falar, vem a ser lideranças que depois viram providenciais e dedicados cabos eleitorais por todo o Estado. E que é comumente movida a máquina estadual e federal: cargos, liberações de obras, promessas de verbas etc.

 

Sobre a rejeição

Caiado é o mais conhecido. Sua rejeição é sólida (25,2%). A de Daniel (24,3%) e Zé Eliton (24,3%), nem tanto, já que são bem menos conhecidos.

Em todo caso, a rejeição do democrata está longe de ser um entrave, neste momento, para sua campanha.

Quer dizer que nenhum dos três têm problemas insolúveis neste ponto. Fica em aberto qual terá mais habilidade, e profissionalismo, para identificar os pontos falhos de suas candidaturas e trabalhar para corrigi-los.

Nada que boas pesquisas qualitativas – e leituras corretas dessas pesquisas, somadas a ações acertadas a partir delas – não resolvam.

 

Indecisos

Não percamos de vista isto: os indecisos somam 77.3%. A seis meses da eleição.

 

Dados

O Serpes ouviu 801 eleitores, com 3,5 pontos percentuais de margem de erro para mais ou para menos. Coleta de dados: 30 de março a 5 de abril. Contratante: J. Câmara e Irmãos/Jornal O Popular. Registro: TSE – BR-07829/2018; TRE – GO-05562/2018. Em 29.3.

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