Em entrevista à Sagres 730, nesta segunda-feira (10), o pesquisador e coordenador do InfoGripe da Fiocruz, Marcelo Gomes, disse que a situação do Brasil ainda complexa, se tratando do novo coronavírus. Segundo ele o país já superou os altos números de casos registrados na pandemia de H1N1 em 2009.

Marcelo Gomes conta que muitos Estados ainda estão em crescimento no número de casos. “Temos Estados que já estão mantendo uma queda há várias semanas. Eles passaram por um período muito forte mas caíram e estão se mantendo em queda. Mas ainda temos um número expressivo de estados na situação inicial, com registro de casos crescendo”, revela.

O pesquisador ressalta que além das diversas curvas no Brasil, dentro dos Estados a realidade também muda de região para região. Assim, um Estado contém diferentes curvas da doença. “Goiás, por exemplo, tem registrado uma queda na curva, mas se olharmos por macrorregiões Goiânia tem acompanhado a queda, mas a região Nordeste não”, explica.

De acordo com Marcelo Gomes, atualmente a região sudoeste de Goiás, composta por cidades como Jataí, Rio Verde e Chapadão do Céu, é a que registra a maior queda na curva da pandemia.

Essa grande diferença no número de casos por Estado revela que o olhar da gestão deve ser regionalizado, como explica o pesquisador. “Eu tenho que olhar para o meu entorno e reconhecer o que está acontecendo nesse local e com isso basear minhas ações. Eu não posso me ater a curva do Estado ou do País para guiar minha situação”.

Na entrevista o pesquisador e coordenador do InfoGripe da Fiocruz também compartilhou que nos testes realizados, os resultados que deram positivo para algum vírus respiratório 97% deram positivo para o novo coronavírus. “Isso significa que quando tem um vírus respiratório associado, mais de 97% é o Sars Cov. E no óbito, o percentual entre os positivos já é mais de 99%”, afirma.

Os dados mostram o quanto a covid-19 tem dominado os casos de síndromes respiratórias no Brasil, que são comuns nesta época do ano e, geralmente, marcados pela influenza. “Interessante que este ano estávamos tendo um surto precoce de influenza no Brasil, mas em meados de março, quando se estabeleceu a transmissão comunitária da covid, a influenza praticamente sumiu”, destacou Marcelo Gomes.