O presidente do Clube Recreativo Atlético Catalano, Roberto Silva, numa entrevista bem conduzida pelo apresentador Rafael Bessa, no programa Toque de Primeira, da Rádio Sagres 730, confirmou aquilo que todos já sabem: o CRAC está à beira da falência. Antes do presidente, o prefeito de Catalão, Adib Elias, o grande responsável pela sobrevivência do clube nos últimos 20 anos, já havia dito no mesmo programa, para o mesmo apresentador, a mesma informação.

O contato com o presidente Roberto Silva foi feito para saber se a equipe tem interesse em participar ou não da competição extraoficial que a FGF está organizando, para dar aos clubes goianos condições de ganhar ritmo de jogo, antes do início das competições nacionais.

Goiás tem cinco clubes nas competições nacionais: Atlético e Goiás, na Série A; Vila Nova, na Série C; Goiânia, Goianésia e CRAC, na Série D. Alegando falta de decisão da CBF sobre a data de início da divisão que vai disputar, o Goianésia preferiu deixar os jogadores onde estão – o clube só reunirá o elenco quando souber a data do início do Brasileiro e por isto se esquivou do convite. Já o CRAC, até o momento da entrevista, não havia sido consultado pela FGF e, de acordo com o presidente, só quando o convite for feito é que a possibilidade será avaliada.

A situação econômica do CRAC não é uma consequência da gestão do atual presidente, mas consequência de dívidas que vêm sendo arroladas ano a ano até chegar onde chegou: o CRAC deve nada menos do que R$ 14 milhões. A possibilidade de jogar a quitação da dívida para frente euxauriu, ou seja, a corda está no pescoço. Roberto Silva confirmou que tudo o que o está em nome do CRAC está em situação de penhor, e se as dívidas não forem quitadas, o Estádio Genervino da Fonseca pode ir a leilão.

Ainda de acordo com o presidente executivo, a esperança do clube é a venda de uma área anexa ao Estádio para quitação de parte dos valores e retornar a dívida aos patamares que propiciem a administração da mesma.

Não é segredo para ninguém que um negócio de grande valor, como a venda de uma área centralizada, de muitos metros, em qualquer cidade, não acontece de uma hora para outra. No caso do CRAC, esta é uma esperança antiga para solucionar este problema e que até hoje não veio, e não acredito que venha num momento de economia travada, como este que estamos vivendo, em função da pandemia do coronavírus. Os economistas já disseram que quando a pandemia passar, os reflexos da paralisação dos setores produtivos virão e a recessão será grande é inevitável.

O CRAC é um clube secular e está entre os mais importantes na história do futebol goiano. Não é por acaso que tem dois títulos de campeão estadual, mas diante da situação confirmada pelo presidente, a pergunta era inevitável e o Rafael Bessa a fez: “Nesta situação, o CRAC pode desistir da vaga para a Série D?”

A resposta do presidente exige uma reflexão preocupante. Roberto Silva disse que a diretoria vai se reunir com o prefeito para a tomada da decisão. Na entrevista dada à Rádio Sagres 730, o prefeito Adib Elias afirmou que os cofres públicos de Catalão, a exemplo dos cofres da maioria dos municipios goianos, estão vazios, e teve a situação agravada com a chegada do coronavírus. Naquela oportunidade ele ventilou a possibilidade do CRAC não disputar a Série D, justamente porque não tem como o poder público municipal auxiliar o clube. Se o prefeito já disse isto, por que a diretoria do CRAC quer falar com ele para decidir sobre a participação ou não? Antes de ir ao prefeito, a diretoria do CRAC deveria usar a criatividade, para levantar o dinheiro que o time precisa para entrar na competição, que é completamente deficitária em tempos normais, já que a CBF não auxilia os clubes com nenhum centavo.

Se em tempos normais o déficit é inevitável, imagina em período de pandemia em que os jogos serão realizados sem a presença de público, sendo assim retirado das equipes a principal fonte de arrecadação… tudo será bancado pelo clube que estará sem nenhuma fonte de renda.
Se a reunião dos dirigentes do CRAC com o prefeito for para insistir que a prefeitura banque o time na Série D, a única resposta que devemos esperar do prefeito é um sonoro NÃO. Seria irresponsável tirar do erário municipal os recursos que devem ser investidos na saúde, educação, infraestrutura, dente outras coisas, para investir no futebol. Definitivamente a solução para a quebradeira do CRAC não pode vir dos cofres públicos.