Jó Ueyama – Foto: CeMEAI/USP

Enchentes são uma ameaça constante em várias regiões do Brasil, especialmente desde o dia 29 de abril, quando o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por chuvas extremas. Esse evento resultou em um dos maiores desastres climáticos da história do país, afetando mais de 2 milhões de pessoas.

Para combater os efeitos devastadores dessas catástrofes, a Universidade de São Paulo (USP) tem desenvolvido tecnologias inovadoras, incluindo um software avançado que utiliza inteligência artificial para melhorar a identificação de vítimas de enchentes. Esse software, criado pela USP, aproveita a inteligência artificial para analisar dados provenientes de redes sociais e fontes oficiais do governo.

“Na verdade, é um programa que usa inteligência artificial para combinar informações de tweets com os dados dos sensores instalados pelo Estado de São Paulo. Fizemos essa correlação e verificamos que a combinação das informações das redes sociais com os dados dos sensores aumenta a certeza, por assim dizer, de que um alagamento está prestes a ocorrer”, conta o professor Jó Ueyama do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos, em entrevista a Guilherme Castro Sousa do Jornal da USP.

Caetano Ranieri – Foto: Linkedin

Modelos

Com essa tecnologia, é possível gerar modelos que preveem como as enchentes se propagam por diferentes regiões, facilitando a antecipação de desastres e a resposta emergencial. O doutorando Caetano Ranieri, também do ICMC, complementa que, por exemplo, “em vez de alertar a população dez minutos antes, a gente consegue alertar uma hora antes”.

De acordo com Thiago Costa, doutorando no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), a inteligência artificial utilizada no software emprega um método chamado “fusão de dados multimodais”. Este método permite a identificação de vítimas de alagamentos ao integrar e analisar informações de diversas fontes heterogêneas. Especificamente, a inteligência artificial avalia se as mensagens publicadas no Twitter estão relacionadas a eventos climáticos, fornecendo dados cruciais para a gestão de crises.

Thiago Costa – Foto: Linkedin

Para Jó Ueyama, o que dificulta a implementação dessa tecnologia é a necessidade de investimento. “É necessário que os órgãos públicos levem a sério o problema das enchentes e instalem esse tipo de equipamento, pois isso pode ocorrer em qualquer cidade. Se soubéssemos que haveria essa enchente, teríamos nos preparado. Entretanto, ninguém imaginava que, após 80 ou 100 anos, ocorreria uma enchente dessa proporção. Como resultado, não houve investimento para que isso fosse instalado e operacionalizado”, relata o professor.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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