O Rio Grande do Sul sofre os efeitos da tragédia causada pelas enchentes em mais de 90% das cidades do estado desde o final de abril. Essa é a terceira enchente das cidades da região do Vale do Taquari em apenas oito meses. Por isso, os gestores municipais já falam em revisar o plano diretor.

“Essas cheias mostraram que o plano diretor existente não é suficiente e agora, com as novas cotas [de inundação], a cidade vai precisar se reformular e se reorganizar em lugares diferentes. Não é só a população ribeirinha que mora nas cotas de enchentes, mas em áreas de encostas de morros também”, explicou Sandro Herrmann, prefeito de Colinas.

Vale do Taquari

Colinas é uma cidade de pouco mais de 2,5 mil habitantes e teve 1,4 mil pessoas atingidas diretamente pelas enchentes, quase 60% da população. Localizada às margens do Rio Taquari, a cidade já havia passado por enchentes em setembro do ano passado.

“Em setembro, ela esteve 2,20 metros acima da maior cheia da história, mas agora, no início do mês, ela superou em mais 2 metros a cheia de setembro. O rio subiu 24 metros acima do seu leito normal”, disse o prefeito.

O cenário no Vale do Taquari é uma zona de guerra. Os repórteres da Agência Brasil estiveram no local no domingo (19) e relataram pontes destruídas, casas em ruínas, entulhos, lama e pessoas abaladas. Eles tiveram dificuldade de acessar cidades como Roca Sales e Arroio do Meio, duas das mais devastadas.

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A RS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, caiu. No local, o Exército montou uma estrutura para travessia de pedestres. Os moradores têm atravessado a “passadeira” de pedestres para buscar mercadoria do outro lado do rio com a presença de militares e são obrigados a usar coletes salva-vidas. A nova ponte vai custar cerca de R$ 14 milhões e ficará pronta em mais de 180 dias.

Preocupação econômica

Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas foram afetadas em todo o estado e com uma grande área agrícola, parte do Vale do Taquari está abandonado. “As pessoas não querem mais voltar, essa enchente arrasou o emocional das pessoas”, revelou o prefeito de Colinas, Sandro Hermann. 

Herrmann disse que não sabe como as empresas vão suportar os prejuízos após serem atingidos pela terceira vez. “Elas perderam todos os seus estoques e equipamentos e nós ainda não conseguimos resolver a questão dos financiamentos para as empresas da cheia de setembro”, lamentou.

A preocupação econômica é a mesma em todas as cidades do Vale do Taquari. A percepção local antes da devastação é de que os bairros terão que ser remanejados.

“O centro de Arroio do Meio eu não sei se poderá ficar ali mais”, contou o estudante Leonardo Friedrich, que vivia em Arroio do Meio e hoje está em Lajeado. “Não tem quem não fique abalado. Se a pessoa não pegou água, ela vai se desestruturar de outras formas, a gente vê as pessoas sofrendo”, completou sua namorada, a fisioterapeuta Mariana Cásper.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

*Acesse a reportagem completa da Agência Brasil

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