Um estudo publicado na Revista Nature Biotechnology destacou os resultados positivos de uma pesquisa da Universidade de Linköping (LiU) e da LinkoCare Life Sciences AB da Suécia, que desenvolveram uma camada ocular feita de pele de porcos para restaurar a visão. Em entrevista à Sagres, a oftalmologista Fabíola Gavioli Marazato detalhou informações do trabalho que pode contribuir para o transplante de córnea.

Assista a entrevista na íntegra:

“Eles utilizaram uma parte da pele dos porcos que seria descartada e não seria utilizada nem na indústria. E a partir disso ela serviu como um arcabouço para fazer uma córnea”, explicou. 

Segundo Marazato, a córnea é um tecido transparente presente no olho e que pode ser transplantado. Desta forma, a médica apontou que a camada feita com pele de porcos tem dois desafios para dar resultado no olho humano.

“Os dois grandes desafios é ser compatível com o ser humano, porque você não pode ter um índice maior de rejeição do que você tem num tecido de uma córnea de um doador. E também de se manter transparente, de manter essa estrutura íntegra pelo maior tempo possível”, disse. 

Inovador

A oftalmologista afirmou que o estudo é interessante e promissor. Conforme a publicação, os resultados foram obtidos através de 20 transplantes em pacientes com Ceratocone na Índia e no Irã. Marazato relatou que a deformidade que deixa o olho com formato de cone é a principal causa de transplante de córnea.

“O transplante ainda tem como uma das suas maiores causas o Ceratocone, que é uma doença que causa uma deformidade da córnea. Quando essa deformidade está abaixo da visão, precisamos trocar essa córnea para melhorar a curvatura”, contou. Além disso, a oftalmologista citou que infecções resistentes e cicatrizes de traumas são outras causas para transplante. 

O método desenvolvido na Suécia é considerado inovador e pode fazer a diferença na fila de doação de córneas em todo o mudo. A oftalmologista disse que houve redução do número de doadores durante a pandemia, o que causou um tempo maior na espera por um transplante. 

A médica acredita que os resultados da pesquisa são fundamentais para diminuir essa fila e, principalmente, ser a opção para um tratamento mais rápido e disponível. 

“Hoje o paciente fica numa fila, ele vai ser inscrito e vai aguardar o momento dele ser transplantado. Ao existir um tecido que se tenha uma disponibilidade maior e que pode ser disponível a qualquer momento nesses locais que não tem banco de olhos, que não tem essa estrutura de captação, sem dúvida seria bem interessante”, disse.    

Leia mais: