O mês de junho chegou e com ele começou mais uma campanha de conscientização da população para assuntos relacionados à saúde. É a vez do Junho Violeta, dedicado ao combate e prevenção do Ceratocone, doença que segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, atinge 1 a cada 1000 pessoas no Brasil.

Em entrevista à Sagres a médica oftalmologista, Fabíola Gavioli Marazato, explicou que o Ceratocone é uma doença que causa uma deformidade na córnea.  

“A córnea é a parte transparente e mais superficial do olho. Ela é uma lente, tem um formato arredondado, semicircular e no Ceratocone ela assume esse formato de cone. O nome vem disso, o Cerato vem do grego kerato que é córnea e Conus que é cone”, disse.

Segundo Marazato, a doença se inicia normalmente no final da adolescência e início da idade adulta, embora possa aparecer também em outras faixas de idade. A médica oftalmologista afirmou que a medicina ainda não encontrou uma causa específica para o Ceratocone.  

“A gente não tem uma única causa de Ceratocone, existe algum fator genético e às vezes a família toda tem, a maioria não tem associação com genética, as alergias parecem predispor um pouco, fatores ambientais também são estudados, mas em geral não é uma única causa, por isso a gente também não tem muito como prevenir, combater e evitar”, explicou Marazato.

Uma ação automática de muitas pessoas é o ato de coçar os olhos, mas nem sempre a mão está limpa e o gesto pode acarretar em contaminação por bactérias e se a estrutura do olho estiver muito sensível pode ocorrer algum descolamento de retina. Fabíola Gavioli Marazato alerta que coçar os olhos é também uma das possibilidades de desenvolvimento do Ceratocone.

“Nosso olho é mole, 90% é água e 10% são fibras elásticas, é como uma grande gelatina. E ao coçar os olhos a pessoa vai ocasionando essa deformidade. É óbvio que precisa já ter uma predisposição à doença, não é todo mundo que coça os olhos que vai ter Ceratocone, mas o contrário é verdadeiro, todo mundo que tem Ceratocone em algum momento foi ou é um coçador”, disse.

Embora não tenha cura, a doença possui tratamento. A oftalmologista explica que há duas linhas de observação da doença.

“A primeira é a progressão, saber se está aumentando e se pode chegar a um ponto de precisar de um transplante. Existem tratamentos que estabilizam e impedem a progressão da doença. E o segundo ponto é o da visão, da reabilitação visual. O Ceratocone pode estar estável, mas a pessoa não enxerga, então usa-se recursos como os óculos, lentes de contato e nos casos mais sérios, entra o transplante de córnea”, explicou.  

De acordo com Marazato, o Ceratocone é a maior causa de transplante no país. Por não ser tão conhecida como a Catarata, a campanha Junho Violeta foi idealizada para conscientizar as pessoas sobre a doença. A oftalmologista fez um alerta importante para evitar o problema de saúde dos olhos. 

“A gente não deve coçar os olhos em nenhuma hipótese, seja qual for a situação, se você tem Ceratocone ou não o hábito de coçar os olhos deve ser sempre evitado”, finalizou.

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