O Orçamento de 2021 do governo federal que tramita neste momento no Congresso Nacional define cortes de R$ 1 bilhão das universidades federais. Só para Goiás, a diminuição de recursos chega a R$ 16 milhões, o que, segundo o reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira, pode significar a suspensão de atividades.

Em entrevista à Rádio Sagres 730, na manhã desta segunda-feira (8/3), Edward, que é presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) afirmou que nesta quarta (10) deve acontecer uma assembleia com a comunidade universitária para discutir o corte e tentar reverter essa medida.

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“Nós temos tido uma jornada muito intensa. Estamos tentando uma conversa direta tanto com a deputada Flávia Arruda, que presidirá a Comissão Mista de Orçamento, quanto com o relator geral do Orçamento, o senador Marcio Bittar. Além deles, também estamos tentando com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Movimento nosso é muito intenso e a gente percebe que houve eco nessa questão que estamos apresentando. Não sei quanto vamos conseguir reverter”, afirmou.

Edward Madureira ressaltou que a universidade revive o cenário dos últimos anos, mas que antes se falava em contingenciamento. “O drama agora é o corte e isso é extremamente grave. Neste momento, estamos com alguns fornecedores em atraso. Estamos recebendo por mês o equivalente a 2% do orçamento. Se dividir o ano em 12, sua despesa mensal é de 8%. Então estamos recebendo 25% do que era devido por mês. E isso não dá pra pagar fornecedor. E a gente já começa a entrar em inadimplência”, reforçou.

O orçamento do ano passado para despesa e manutenção era de R$ 59 milhões para custear despesas na ordem de R$ 64 milhões. Para 2021, esse recurso passou para R$ 47,5 milhões. “Ou seja, no ano passado a gente já não fechava as contas. Agora, estamos devendo muito mais”, comentou o reitor.

O reitor lembrou que a UFG já vem do ano passado com um déficit orçamentário acumulado ao longo de cinco anos, de aproximadamente 20% do orçamento. Além disso, a pandemia não paralisou as atividades. “A gente fechava o ano mais ou menos com dois meses e meio em aberto. Essa era a rotina que a gente estava sendo obrigado a suportar. A pandemia não parou as atividades. Está tudo funcionando, os laboratórios de pesquisa, custo com limpeza, manutenção predial, segurança, nossa área de sistema de T.I. Basicamente o que não está funcionando é a aula presencial, sujo impacto em termo de redução é a energia elétrica. E isso é em torno de 30% do que a gente gastava, mas houve um reajuste da tarifa, então a economia ficou menor ainda”.

O corte também gera um impacto grave na assistência estudantil com as bolsas. O recurso existente hoje não atende todos os estudantes que precisam e, segundo Madureira, 18% a menos na assistência estudantil significa estudante fora da universidade. “Era R$ 21 milhões por ano caiu para R$ 16 milhões. E isso significa menos bolsas”.

PROPOSTA

O pedido da Andifes é de um orçamento de R$ 1 bilhão e 200 milhões para as universidades federais. “Isso para fazer frente a nova realidade. Estamos com atividades presenciais e nessa nova realidade custa mais: mais limpeza, mais E.P.I. Tivemos impacto nas adequações das instalações. O que estamos pedindo a mais não é nada diante da perda dos últimos cinco anos. Nós precisamos ter isso sob o risco de algumas universidades não continuarem abertas por inadimplência”, alertou.