Postar, repostar, curtir, comentar, marcar pessoas, compartilhar, seguir, deixar de seguir. O uso das redes sociais é automático. Para muitos, senão a maioria, é a primeira coisa do dia a se fazer. No entanto, esse comportamento, quando excessivo, pode prejudicar a saúde mental. Isso inclui o relacionamento interpessoal e até mesmo a produtividade, seja em casa, nos estudos ou no trabalho.

O impacto das redes sociais na saúde mental foi assunto no segundo dia de palestras da Campus Party Goiás, maior evento geek de tecnologia do planeta. “O uso das redes sociais impacta na saúde mental quando a gente faz o uso de uma maneira excessiva e acaba não sendo saudável porque ocupa grande parte do tempo das pessoas, levando-as a não produzirem, não terem um funcionamento saudável do seu cotidiano”, afirma a psicóloga clínica Karine Morais, que ministrou a palestra nesta quinta-feira (8).

A ansiedade, ou seja, a preocupação intensa, excessiva e persistente, além do medo de situações cotidianas, estão entre os principais impactos à saúde mental. São causados pelo uso desmesurado das redes, bem como a perda da autoestima.

A psicóloga Karine Morais fala sobre os impactos do uso excessivo das redes sociais na saúde mental (Foto: Johann Germano)

“Temos que falar da ansiedade como um medo, como uma antecipção de algo ruim que está para acontecer. Então as pessoas que não estão fazendo uso saudável das redes sociais, seja no Facebook, no Instagram ou qualquer outra mídia social, são pessoas que começam a ficar com uma certa fobia em relação às sensações que ela tem de ansiedade. Seja porque o celular vai descarregar, a bateria está baixa, e porque, sobretudo, essa pessoa vai ficar desconectada”, analisa a psicóloga.

Pandemia

As redes sociais nunca foram tão utilizadas quanto durante a pandemia de Covid-19. Foi o período em que, principalmente no início, as pessoas passaram a viver isoladas, como forma de conter o avanço da doença causadas pelo coronavírus.  

“Era um recurso que fazia com que elas se sentissem conectadas novamente a outras pessoas. O uso das redes sociais criou essas conexões virtuais. No entanto, essas conexões virtuais e esse uso excessivo das redes sociais levou as pessoas a desencadear uma ansiedade e uma depressão devido ao isolamento”, considera.

A tecnologia a favor da saúde mental

De acordo com a Associação Americana de Pediatria, o ideal é que uma pessoa, seja criança, adolescente ou adulto, permaneça conectado por, no máximo, duas horas por dia. De acordo com Karine Morais, existem aplicativos de apoio psicológico e terapia que podem auxiliar nesse controle.

“Meditação, terapia individual e em grupo. Mas há aplicativos que podem auxiliar as pessoas para que elas monitorem e consigam manejar melhor a ansiedade, se elas estão fazendo o uso indiscriminado, de maneira não satisfatória na vida”, pontua.

Segundo a psicóloga clínica, uma autoavaliação sobre o uso excessivo das redes sociais é fundamental para uma mudança de comportamento e redução da ansiedade.

“Aplicativos como o Cogni podem ajudar as pessoas a controlar essa ansiedade, a manejar então os sentimentos de ansiedade e até de isolamento também. É preciso refletir se estou fazendo um uso saudável ou este uso está não-saudável, e utilizar esses aplicativos a favor desse manejo”, pondera.

Dessensibilização

Segundo Karine Morais, trata-se de uma técnica bastante utilizada na psicoterapia. No caso das redes sociais, consiste em reduzir, gradativamente, a “dosagem” do uso dessas plataformas.

“As coisas são graduais. A gente não reduz o consumo diário de 10 xícaras para apenas uma de uma só vez. Pensando nessa coisa gradativa, a gente fala de dessensibilização. Se estou muito conectado às redes sociais, tem como eu me desconectar, nem que seja aos poucos, como em um processo de desmame. Hoje, se utilizo as redes sociais por mais de 10 horas por dia, eu me proponho que amanhã vou começar a utilizar nove horas por dia. Daqui a uma semana, oito horas por dia, e assim vou reduzindo até chegar no ideal”, afirma.

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