A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. A principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as sanguíneas normais. A doença pode causar anemia e até levar à morte. É o que explica o médico hematologista do Hemolabor e Membro titular da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Paulo Vittor Peres.

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“É um câncer das hematopoiéticas, que são as células que geram o sangue, e começa lá dentro da medula. Esse câncer vai tomando o espaço da medula óssea normal. O paciente vai perdendo a capacidade de produzir sangue. Então o paciente tem anemia”, afirma.

A medula óssea é o local de fabricação das células sanguíneas e ocupa a cavidade dos ossos, sendo popularmente conhecida por “tutano”. Nela, portanto, são encontradas as células que dão origem aos glóbulos brancos (leucócitos), aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas.

Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa. Porém, essa célula anormal não funciona de forma adequada. Desse modo, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as células normais. Sendo assim, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo substituídas por células anormais cancerosas.

Sintomas

Palidez, cansaço, febre, aumento de gânglios, infecções persistentes ou recorrentes, hematomas, petéquias, sangramentos inexplicáveis, aumento do baço e do fígado podem ser sintomas de leucemia. Com a suspeita da doença, contudo, o paciente deve realizar exames de sangue e ser encaminhado para o médico especialista.

Além disso, a doença pode ser crônica, que se desenvolve lentamente, ou aguda, que costuma piorar de forma mais rápida. Ao todo, existem mais de 12 tipos de leucemia.

O médico hematologista Paulo Vittor Peres fala sobre a campanha Junho Laranja que conscientiza sobre leucemia e anemia (Foto: Sagres Online)

Junho Laranja

Realizada no mês do Dia Mundial da Doação de Sangue, próximo dia 14, a campanha Junho Laranja alerta sobre a importância do diagnóstico precoce, a prevenção e os riscos das doenças do sangue, especialmente anemia e leucemia.

“Leucemia é apenas uma causa de anemia, no entanto bem rara. Existem várias outras causas de anemia. A leucemia pode causar plaqueta baixa, imunidade baixa pois há baixo número de glóbulos brancos”, esclarece.

Os quatro tipos primários de leucemia são: leucemia mieloide aguda (LMA), mieloide crônica (LMC), linfocítica aguda (LLA) e linfocítica crônica (CLL).

Transfusão de sangue

Conforme o médico, em caso de leucemia, as transfusões de sangue são fundamentais para garantir a vida do paciente. Do contrário, morreria de anemia, infecções ou sangramento. “Como a medula óssea do paciente não está funcionando, o que dá a salvação para ele são as transfusões [de sangue]. Pois a quimioterapia demora a fazer efeito. É muito difícil tratar uma leucemia sem transfundir esse paciente”, afirma Peres.

Segundo o hematologista, a prevenção para leucemia é a mesma que para qualquer tipo de câncer, ou seja, hábitos de vida saudáveis. “Alimentação saudável, atividade física. As pessoas subestimam o poder da atividade física. Ela previne todos os tipos de câncer. Qualquer atividade, seja uma caminhada, academia, hidroginástica, qualquer coisa que movimente o corpo. Também não fumar, pois o hábito e a leucemia têm correlação”, enumera.

Doação de sangue é fundamental para que haja o tratamento de pacientes com leucemia (Foto: Charlie Helen Robinson/Pexels)

Anemia não é doença

A OMS (Organização Mundial de Saúde) define a anemia como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do necessário, resultado da ausência de um ou mais nutrientes essenciais.

Crianças, gestantes e lactantes são o público mais afetado pela anemia. Cansaço, falta de apetite, palidez de pele e mucosas, indisposição são alguns dos sintomas. Em crianças, há dificuldade no aprendizado e a apatia.

“De acordo com a Organização Mundial de Saúde, qualquer mulher com hemoglobina menor que 12 tem anemia, e qualquer homem com hemoglobina menor do que 13, ou 12,5, tem anemia. Anemia não é uma doença, mas uma consequência de alguma doença. A mais comum, disparada, é a falta de ferro. Principalmente em mulheres, por conta da menstruação, e países mais pobres por conta da desnutrição”, explica. “É possível ter anemia por falta de vitamina B12, por doença renal, por leucemia”, complementa Peres.

Anemia falciforme

No caso da anemia falciforme, o hematologista explica que trata-se de uma questão hereditária. Nela, os glóbulos vermelhos perdem a forma de disco, ficando enrijecidos e deformados, tomando a forma de foice – daí vem o nome da doença.

“A pessoa nasce com ela. É uma deficiência genética na produção dos glóbulos vermelhos. Os glóbulos vermelhos, que parecem uma bolachinha, redondinhos e elásticos, para passar nos vasos sanguíneos menores, nascem com formato alterado. Na anemia falciforme eles têm formato de foice, não consegue passar e entope os vasos sanguíneos”, pontua.

Estima-se que, no Brasil, uma em cada cem pessoas apresente as alterações genéticas decorrentes da anemia falciforme. Ela atinge principalmente indivíduos descendentes de afro-brasileiros. Alguns pacientes só têm sintomas leves, com menos de uma crise por ano, enquanto outros têm sintomas mais severos com mais de uma crise por mês.

É possível detectar a anemia falciforme por meio do teste do pezinho, que deve ser realizado, de preferência, entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê.

*Esse conteúdo está de acordo com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU 03 – Saúde e Bem Estar

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