O julgamento da morte do radialista Valério Luiz foi adiado mais uma vez nesta terça-feira (14). O juiz Lourival Machado, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), dissolveu o júri porque um dos sete jurados quebrou o isolamento obrigatório ao deixar o hotel onde estava hospedado porque teria passado mal na madrugada de hoje.

O advogado Valério Luiz Filho, um dos assistentes de acusação do júri e filho do radialista, lamentou o quarto adiamento da sessão.

”O risco de, por causa disso, algum tribunal, o STJ, o STF anular todo o trabalho é alto. Eu queria continuar”, afirma. ”Mas o MP, como fiscal da lei, disse que não tem como continuar porque isso, um jurado fugir do hotel, é uma questão que não é possível legalmente continuar depois de um fato desse”, complementa.

Segundo a defesa de Maurício Sampaio, um dos cinco réus no processo, representada pelo advogado Luiz Carlos Silva Neto, a Justiça agiu com prudência ao adiar a sessão, uma vez que um dos jurados quebrou o isolamento.

”Ele tem problema de lactose, passou mal, tentou acionar o oficial de Justiça, não conseguindo ele foi em casa pegar os remédios e retornou, e o juiz, agindo com muita prudência, cautela, podia até continuar o júri sem avisar a defesa, mas ele preferiu dizer a verdade do que estava acontecendo para nós apresentarmos a possibilidade de adiar ou não o julgamento”, esclarece.

O advogado Luiz Carlos Silva Neto (Foto: Sagres Online)

A nova data para o julgamento, adiado pela quarta vez, ficou marcada para 5 de dezembro deste ano. Valério Luiz Filho explica que o motivo da demora para que o julgamento seja reiniciado são as eleições.

”O Judiciário estará ocupado porque a Justiça Comum também acumula função de Justiça Eleitoral. Esse é um ano eleitoral, a partir de agosto a estrutura do Judiciário está também atuando nas eleições, portanto iria ficar muito difícil mobilizar, porque é um trabalho gigantesco mobilizar para esse julgamento”, afirma Valério Luiz Filho.

Valério Luiz Filho reconhece o esforço e a mobilização do Poder Judiciário para que ocorra o julgamento, e pede que a logística seja melhor preparada para a sessão de dezembro.

”É um pedido que a gente faz na preparação dessa logística para que jurados, testemunhas sejam vigiados mais de perto, que o policiamento realmente seja colocado nos quartos, porque para mim, emocionalmente é muito difícil ficar vindo aqui uma, duas, três, quatro vezes, é uma coisa horrorosa”, afirma. ”Um detalhezinho desse, olha o trabalho que foi perdido”, pontua.

No primeiro dia do julgamento ocorrido nesta segunda-feira (13), e que durou 12 horas, houve quatro depoimentos. Com o adiamento da sessão e dissolvição do júri, tudo terá de começar do zero no dia 5 de dezembro, e todos terão de ser ouvidos novamente.

Valério Luiz foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012, quando saía da rádio onde trabalhava em Goiânia. De acordo com o Ministério Público, o crime teria sido motivado por críticas constantes à diretoria do Atlético Clube Goianiense, time do coração do radialista, que tinha 49 anos de idade. Na época, Maurício Sampaio era vice-diretor do clube, e hoje é vice-presidente do Conselho de Administração.