Vanderlan Cardoso em entrevista à Sagres 730 em 12 de novembro de 2019 (Foto: Arquivo / Sagres)

{source}
<iframe width=”100%” height=”166″ scrolling=”no” frameborder=”no” allow=”autoplay” src=”https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/750953353&color=%23fa2f00&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true”></iframe>
{/source}

O senador Vanderlan Cardoso (PP) reconheceu em entrevista à Sagres 730 que se distanciou do governador Ronaldo Caiado (DEM) no final deste primeiro ano de governo. O senador apontou uma série de desencontros entre os dois, que vão desde a forma como o presidente do diretório regional de seu partido, Alexandre Baldy, construiu a adesão do PP ao governo – na eleição o PP apoiou o candidato Daniel Caiado (MDB) –, sem conversar com ele, até divergências com políticas públicas adotadas pelo governo.

A entrevista à Sagres ocorreu nesta segunda-feira (27), em sua casa no Residencial Ipê Alphaville – o senador fez um procedimento cirúrgico e está despachando em casa há 19 dias. Ele disse que percebeu um distanciamento entre ele e o governador Caiado, mas acredita que quem estaria fomentando essa separação seriam “pessoas próximas do governador que querem antecipar 2022”.

“Eu falei sobre isso com o governador. Perguntei se era pelo meu jeito de trabalhar com independência, mas lembrei que tenho ajudado muito o Estado. Ele diz que não há nada de anormal, mas a gente percebe que há. Algumas pessoas que estão no governo levam coisas truncadas e isso atrapalha nosso relacionamento, mas Caiado acha que não está acontecendo, que não há mal-entendido, mas há”.

Vanderlan Cardoso (PP) disse que se incomodou com a forma como Alexandry Baldy conduziu a aliança com o governo, inclusive, indicando seu irmão Adriano Baldy para ser secretário de Cultura. Vanderlan diz que esse acerto não foi discutido com o partido.

Diz que independentemente do candidato que tivesse vencido a eleição de 2018, ele tinha de fazer mudanças profundas. “A agente sabia que tinha de aplicar um remédio amargos”. Apesar dessa ressalva, o senador vê erros cometidos, e cita como exemplo, o governo “colocar no mesmo balaio as empresas que recebem os incentivos fiscais, de deixar a CPI dos Incentivos chegar onde chegou e na forma como divulgou o debate sobre redução desses benefícios.

“Parece que todas as empresas estavam tirando dinheiro do Estado, mas não estavam. Claro que havia excessos na concessão de créditos, e eu mesmo fui uma das pessoas que disse isso lá atrás. Mas o governo passa à sociedade (a ideia de) que os incentivos fiscais acabaram com Goiás e isso não é verdade. Cerca de 99% das empresas com incentivos ajudaram a construir Goiás”.

Vanderlan confirmou que investe em unidades industriais fora de Goiás. Ele constrói fábricas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Maranhão. “Nossas empresas vêm investindo há mais de 20 anos fora de Goiás. Já temos (unidades) no Pará, na Bahia; a expansão é por ano. Ele diz que não é competitivo para sua empresa produzir em Goiás produtos com pouco valor agregado para depois vende-los há 2 mil kms de distância.

Com redução dos incentivos em Goiás, diz, ele vai continuar a produzir no Estado apenas para os 7 milhões de goianos e também para o mercado de Brasília e do Tocantins. O restante vai produzir no próprio mercado consumidor. “É uma questão de sobrevivência. Vamos ampliar algumas linhas para atender ao mercado daqui, de Brasília ou no Tocantins.”

O senador criticou também a postura do governo em relação à Enel Goiás. Observa que o desmanche da antiga Celg D ocorreu durante muitos anos e que os políticos nada fizeram, quando isso acontecia. “Todos somos culpados. Todas as linhas de distribuição apodreceram, não foram feitos investimento e todos ficaram calados”. Para ele, a Enel está cumprindo o contrato que ela assinou. “Se analisar tecnicamente, ela está cumprindo. E falo tranquilamente, porque fui o primeiro a me movimentar em 2018 pedindo apoio contra o aumento da energia, mas ninguém quis fazer nada na época”. O senador afirma que hoje a Enel é a “Geni, jogam merda na Geni, mas a empresa do contrato que ela pegou, se você for analisar tecnicamente ela está cumprindo”

Vanderlan diz que não é de ficar jogando para a plateia”. Afirma que a Enel só vai resolver os inúmeros problemas da rede de distribuição e da oferta de energia em dois anos, três anos, e que são necessários bilhões de investimentos.

Questionado sobre operações policiais do governo atual em governos de Marconi Perillo (PSDB), Vanderlan Cardoso disse que cumprimentou a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Administração (Decarp), que desencadeou na semana passada a Operação Sofisma, que investigou o Goiás 24 Horas, Blog do Cleuber Carlos e Canal Gama. “Eu fui muito prejudicado por blogs do governo passado, que denegriam nossa imagem.”

Mas o senador afirma que a mesma prática tem acontecido neste governo. “Já tem jornalista na folha do governo atual escrevendo contra políticos. O que houve de mudança? Estamos sendo atacados por pessoas em jornais do interior do Estado e que estão na folha do governo. A prática tem se repetido. O governador não deve estar sabendo disso, pois ele combateu tanto isso, que sua polícia foi atrás de blogueiros do passado, disse.

Prefeitura de Goiânia

Vanderlan havia dito no final de dezembro que não seria candidato a prefeito, porque estava animado com o trabalho realizado no Senado e também porque teria cumprido apenas dois anos de 8 anos de mandato de senador e que não achava correto abrir mão do cargo tão cedo. Mas na semana passada, o senador deu entrevista ao jornal O Popular, admitindo que lançaria sua pré-candidatura.

Vanderlan diz que pretende conversar com todos os partidos, para acertar seu projeto de candidatura. Sua preferência atualmente é pelo PSD, pois as conversas com suas lideranças locais e com o presidente nacional, Gilberto Kassab, já estão avançadas. Ele, entretanto, quer conversar com todos os partidos, incluindo até mesmo o PSDB.

Sua única exceção são os partidos da base de Caiado. “Não pensei na hipótese de fazer aliança com partidos da base do governador”. Ele diz que não fecha portas, mas que está disposto a disputar por um partido que não esteja na base do governador. Observou que tem visto o governo punir políticos que se manifestarem contra o governo. “Eu não gosto de fazer política assim”, disse se referindo aos deputados estaduais que perderam cargos no governo depois de votarem contra projetos na Assembleia, caso da PEC da Previdência e dos Estatutos do Magistério e dos Servidores.

O senador, contudo, está satisfeito com o mandato de senador. Afirma que essa legislatura foi uma das que mais avançou, e vê espaços para ampliar seu trabalho no Senado.