Na quinta-feira (30) foi aprovada no Senado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que institui um estado de emergência e permite que o presidente Jair Bolsonaro (PL) use verba dos cofres públicos sem a preocupação de furar o teto de gastos. Em entrevista à Sagres, a cientista política Mayra Goulart, afirmou que vai faltar recursos para onde a verba já estava planejada.
“Esses recursos vão faltar porque saem de outras pastas que havia previsões de gastos, mas eram previsões organizadas, ordenadas. É o que está acontecendo, por exemplo, com a educação que está sofrendo cortes consistentes dos repasses, e isso tem um impacto”, disse.
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Ouça ““Vão faltar recursos onde havia previsão de gastos”, aponta cientista política sobre a PEC Kamikaze” no Spreaker.A cientista política apontou que os valores gastos serão muito maiores que os orçados na proposta aprovada no Congresso. “A PEC Kamikaze está orçada numa ordem de gastos de R$ 39 bilhões, mas se a gente somar a liberação de FGTS, a antecipação de pagamento para aposentados, as alterações na lei de combustíveis, chega na ordem de R$ 343 bilhões em transferências diretas. E o importante é que isso está sendo retirado de orçamentos que envolvem um planejamento e repasse de serviços à população”, afirmou.
Segundo Mayra Goulart, é comum que os governos gastem mais em períodos próximos a eleições, porém ela avaliou que o que era feito de maneira “escondida” está sendo realizado pelo presidente Jair Bolsonaro explicitamente.
“O que a gente está vendo hoje é uma coisa inédita, sempre há um aumento de gastos perto das eleições, mas isso é feito de maneira menor e escondida, em proporções incomensuráveis menores. O que a gente tá vendo agora é que jogou no ventilador, saiu de uma coisa que era escondida, que foi pra superfície e ganhou valores incomensuráveis, a gente está falando de alguma coisa na ordem de R$ 343 bilhões”, explicou.
Conforme Mayra Goulart, também é comum que políticos da situação e da oposição votem de forma igual em períodos eleitoreiros. “Não adianta a gente ter diferentes propostas se a gente não tiver mandatos, então a primeira coisa é garantir mandato e depois vem os elementos de diferenciação”. A cientista política alertou que esse elemento não deve ser usado para colocar igualdade entre os candidatos. “A questão é o que eles querem fazer com esses mandatos”, finalizou.
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