Em agosto, o futebol europeu viveu um mês de decisões nas suas principais competições. Além da Liga dos Campeões, nos torneios masculino e feminino, nas ‘bolhas’ em Lisboa e no País Basco, respectivamente, a Liga Europa teve a sua conclusão na Alemanha. Inclusive, com um jogador goiano como protagonista. Fernando Reges, revelação do Vila Nova e há 13 anos na Europa, conquistou o título pelo Sevilla.

Em uma entrevista especial ao repórter Rafael Bessa para o Sistema Sagres de Comunicação, o volante afirmou que “é um momento muito especial, porque consegui a Liga Europa pela segunda vez, mas demorei nove anos para reconquistá-la, então é um momento muito especial, principalmente conseguir aos 33 anos. É muito mais difícil, porque as pessoas naturalmente esperam que o seu melhor momento dos 20 aos 30 anos, e, aos 33, conseguir conquistar novamente esse título tão importante aqui na Europa”.

Sucesso europeu

Além da taça pela temporada 2019-20, o ex-colorado também foi campeão do torneio pelo Porto, na época 2010-11, sob o comando de Jesualdo Ferreira e ao lado de atletas como Helton, Fredy Guarín, João Moutinho, James Rodríguez, Hulk, Falcao García e Walter. Em Portugal, conquistou ainda onze títulos nacionais, incluindo quatro campeonatos. Também passou por Manchester City e Galatasaray, por este bicampeão turco.

De Alto Paraíso de Goiás para Colônia, na Alemanha, e agora para Budapeste, na Hungria, pela Supercopa Europeia, contra o Bayern de Munique, Fernando ressaltou que “o brasileiro sempre sonha muito alto. Só que sonhar é uma coisa, a realidade é totalmente diferente. Sempre sonhei com isso, e claro que no começo você sente muito mais, mas agora estou mais habituado com a minha carreira e onde cheguei. Com certeza, é uma conquista marcante não só para mim, mas para todos os goianos”.

Novo parceiro de meio-campo

Na próxima temporada no Sevilla, o volante não contará com o argentino Éver Banega, que se transferiu para o Al-Shabab. Por outro lado, a diretoria do clube da Andaluzia trabalhou rápido e contratou o croata Ivan Rakitić, que já passou pela cidade de Sevilha entre 2011 e 2014, antes de se consagrar no Barcelona, onde passou os últimos seis anos. Segundo o goiano, “é mais um para somar, sabemos do talento e da carreira vitoriosa que tem, um jogador com muita qualidade”.

Por outro lado, Fernando lamentou a saída do então camisa 10 e vice-capitão do time. “Perdemos um jogador muito importante, e era preciso contratar outro com o mesmo calibre. Tìnhamos o Banega, que também era um jogador com um talento incrível e um dos melhores com quem já joguei junto, só que agora conseguimos cobrir essa lacuna com o Rakitic e esperamos que ele faça uma grande temporada e nos ajude da melhor forma possível com o seu futebol que todos conhecemos”.

Lionel Messi

Depois de comunicar seu desejo de sair do Barcelona, o argentino Lionel Messi voltou atrás na decisão. Sobre a dificuldade de enfrentar o craque, Fernando destacou que “a primeira coisa que pensamos é como parar o ‘homem’, porque realmente é diferenciado. Mas nos jogos que tive com o Messi sempre tive muita felicidade que não foram os melhores jogos dele, e espero continuar assim”.

A entrevista, gravada antes de Messi decidir permanecer em Barcelona, ‘antecipou’ a situação e o volante brasileiro garantiu torcer pela permanência do adversário. “Sabemos que o futebol espanhol tem essa dimensão porque passaram grandes jogadores, como Ronaldinho, Romário e agora o Messi, e traz esse benefício para o futebol espanhol. Para nós também, porque queremos jogar contra os melhores e o Messi é o melhor”.

Pep Guardiola

Das três temporadas que esteve no Manchester City, na última trabalhou com Pep Guardiola. A respeito do trabalho do antigo comandante, Fernando frisou que “realmente é um treinador diferenciado, que tem argumentos que não tinha visto em outros e que te passa coisas que realmente vão te ajudar dentro de campo, e que joga pelos detalhes. Tudo o que você faz nos treinamentos é cobrado, principalmente em passes, então isso o leva a outro patamar”.

“Trabalhei com vários treinadores, e treinadores de topo e que conquistaram muitas coisas, mas o que percebi no Guardiola é que é um treinador que te exige muito, e a exigência dele é nos detalhes. É um treinador que cobra muito em um simples passe, mesmo que seja no treinamento, então isso o eleva muito, porque a partir do momento que exige nos detalhes, com certeza está cobrando ao máximo, e naturalmente a equipe dele sempre fará melhor do que os outros”, concluiu.

Vila Nova

É impossível falar de Fernando e não citar o Vila Nova. Destaque na Copa São Paulo de Futebol Júnior e com a camisa da seleção brasileira nas divisões de base, o volante ainda chegou a defender o clube do Onésio Brasileiro Alvarenga por duas temporadas antes de partir para Portugal. Sem jamais perder a ligação, reforçou que “tenho sempre que estar acompanhando o Vila. Tenho muitos amigos no Vila Nova, o presidente mesmo (Hugo Jorge Bravo) é uma pessoa que já conheço há muitos anos, desde que estava no juvenil”.

Fernando ainda fez a questão de mandar “um grande abraço para o Éder, desejar tudo de bom para ele e que tenha uma excelente carreira. Estou sempre acompanhando e espero que possa regressar à elite, porque o Vila Nova merece estar sempre nos grandes palcos. Está passando por um momento que não é tão bom e que nós torcedores, porque neste momento sou um torcedor, não queremos, mas vai sair, principalmente porque está em boas mãos”.

Em entrevista à Sagres em maio, o jovem Éder afirmou ter Fernando como uma grande inspiração. Por isso, o volante do Sevilla garantiu que “também fico muito feliz por poder inspirar outros atletas, um dia também passei pelas categorias de base do Vila Nova e sempre buscava inspiração em grandes jogadores. Fico feliz por ser inspiração para eles, o que é sinal de que estou fazendo um bom trabalho e espero dar continuidade para inspirar outros atletas também”.

Aos 33 anos, com mais duas temporadas de contrato com seu atual clube, Fernando despistou sobre encerrar sua carreira no Vila Nova. O goiano ponderou que “é uma resposta muito difícil, mas planejo fazer o meu melhor no futebol europeu. Naturalmente, o que vier na frente abraçaremos. Se um dia pudesse terminar no Vila Nova, também seria muito bom, uma coisa especial, mas não posso dizer que vou terminar lá, porque o futebol te traz muitas surpresas”.

Confira a entrevista de Fernando Reges à Sagres TV na íntegra