Ao discursar na abertura da 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a presidenta Dilma Rousseff disse que a crise global é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política.
Dilma destacou que, se a situação não for contida, pode se transformar em uma “grave ruptura política e social” sem precedentes.
Ouça o discurso da presidenta Dilma Rousseff:
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Primeira mulher a discursar na abertura da assembleia da ONU, Dilma defendeu a necessidade de esforços de integração das nações para a superação da crise e retomada do crescimento.
“Não haverá retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificaram os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e das demais instituições multilaterais como o G20, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial”.
Para ela, “a ONU e essas organizações precisam emitir com máxima urgência sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica”.
Dilma disse ainda que o Brasil está apto a ajudar os países em desenvolvimento e que é preciso lutar contra o desemprego no mundo.
Guerra Cambial
Ao abordar a crise econômica global, a presidenta Dilma Rousseff disse também que é preciso impor controles à guerra cambial.
“[É fundamental] aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade.
“É preciso impor controles à guerra cambial com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetária excessivamente expansionistas quanto pelo artifício do câmbio fixo”, explicou.
Dilma afirmou que há sinais de que várias economias avançadas se encontram no “limiar da recessão”. A avaliação de Dilma é que as prioridades das economia mundiais neste momento devem ser solucionar os problemas dos países em crise devido a dívidas e reverter o presente quadro de recessão.
“As políticas fiscais e monetárias devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países evitando reações que levam a ciclos viciosos. A solução do problemas da dívida deve ser combinada com crescimento econômico”, disse.
Palestina
A presidenta lamentou não ter a Palestina entre os países participantes da reunião. Ao cumprimentar os representantes do Sudão do Sul, país que pela primeira vez participa do encontro multilateral, Dilma lamentou a ausência da nação palestina.
“O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nessa assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.”
A menção de Dilma à Palestina foi aplaudida pelos que participam da reunião. O Brasil já considera oficialmente a existência do Estado palestino desde dezembro do ano passado, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem de reconhecimento à Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O ingresso da ANP na ONU é um dos pontos polêmicos dessa reunião. A proposta encaminhada pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que tem o apoio da maioria dos países-membros, pede que a ONU reconheça o Estado palestino, segundo as fronteiras estabelecidas antes da guerra de 1967.
Os governos dos Estados Unidos e de Israel já se manifestaram contra a proposta. O governo de Israel informou que não aceita a exigência da ANP, que quer a divisão da cidade de Jerusalém. Segundo os israelenses, a capital religiosa de Israel é indivisível e não há possibilidade de mudar essa posição.
O governo dos Estados Unidos antecipou que votará contra o pedido de Abbas, pois é favorável à busca por acordo e consenso. O tema deve ser submetido à votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para ser aprovado, o pedido tem de contar com nove votos favoráveis, de um total de 15.
Dilma ressaltou que o reconhecimento é primordial para a busca da paz na região. “O reconhecimento é um direito legítimo do povo palestino à soberania, e a autodeterminação amplia a possibilidade de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.”
A convivência pacífica entre judeus e palestinos no Brasil foi dada como exemplo pela presidenta Dilma. “Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia como deve ser”, destacou.
Adaptado de: Agência Brasil