O que é lixo? Segundo o dicionário é qualquer material sem valor ou utilidade que se joga fora. Dicionário é um livro onde são explicados os significados das palavras. São exemplos de lixo: restos de comida, garrafas vazias e dicionários velhos. Itens que para muitos homens já não servem e devem ser jogados fora.
Somente em Goiânia, são produzidas diariamente 1,2 mil toneladas de lixo. No senso comum, lixo é o que se retira de um lugar para deixá-lo limpo. Mas na prática, a realidade não essa, pois há descartes que ocorrem em locais inadequados. Todos têm responsabilidade.
“Há uma produção expressiva de resíduos que acabam sendo classificados como lixo e que são transportados para o aterro sanitário, isso o oficial, pois sabemos do lixo que é produzido que e que vai parando em locais com destinação inadequada, como os canais de drenagem, ou ficam soltos de lotes baldios esperando aqueles mutirões da prefeitura para que a limpeza seja realizada. Há uma produção expressiva, se consideramos esse total de 1,2 mil toneladas”, disse a professora do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Karla Maria Silva de Faria.
Cerca de 76% do lixo diário brasileiro, que chega a 70 milhões de quilos, são despejados a céu aberto, e 10% vai para lixões controlados, 9% para aterros sanitários e somente 2% é reciclado.

Aterro Sanitário
O aterro sanitário é o destino de todo o lixo produzido pela população de Goiânia. O saquinho com resíduos que sai das casas vai parar lá. A professora Karla Maria Silva de Faria, avalia que o lixo é responsabilidade de todos.
No aterro máquinas roncam a todo instante para enterrar o lixo na terra. O aterro sanitário de Goiânia é formado por duas áreas, uma mais antiga que apresenta sinais de esgotamento e outra que faz parte de um processo de expansão do local.
“Hoje o aterro de Goiânia é composto por duas áreas. A área 1 que é avistada em diversos pontos da cidade, e a área 2 que é um pouco menor. É necessário que a população goianiense já tenha consciência que a área 1 do aterro sanitário já teve suas atividades encerradas. Naquela montanha de lixo avistada de diversos pontos da cidade não há mais a deposição de material”, relatou a professora Karla Maria Silva.

O aterro é um ambiente controlado, com uma situação melhor do que em lixões, locais em que há tristes cenas de pessoas no meio do lixo, tentando tirar o sustento, recolhendo até mesmo alimentos; resíduos que já não serviam para outros seres humanos, e que estão em condições totalmente insalubres para o consumo.
No entanto, mesmo sendo um espaço mais adequado, o acúmulo de lixo tem suas consequências. O aterro tem seus problemas ambientais. Um deles é que o local é tomado por urubus. São aves que comem carne em putrefação. As carnes estão nos restos de comida das casas dos moradores da cidade, e, moradores produzem lixo.
Para o coordenador da área de Meio Ambiente do Instituto Federal de Goiás, o IFG, professor Antônio Pasqualeto, a lógica deve ser diferente, ou seja, a maior parte do lixo deveria ser reaproveitada e não direcionada ao aterro sanitário.
“A sociedade de uma forma geral denomina como lixo, mas as empresas chamam de resíduos, pois resíduos na matemática é a sobra e o resto é divisível, reaproveitável e se é reaproveitável, é um recurso e naturalmente receita para a empresa”, descreveu o professor.
O professor Antônio Pasqualeto avalia que o mais adequado é tratar aquilo que é chamado de lixo como um resíduo, ou seja, uma sobra que pode ser revertida em benefícios.
Vida útil
O aterro sanitário de Goiânia apresenta sinais de esgotamento. A montanha de lixo tem uma copa de 90 metros de altura, e já é considerada um dos maiores acidentes geográficos da cidade.
O diretor de Destinação Final de Resíduos da Comurg, Juscelino Vilela, explica que o espaço passou por uma expansão, o que permite aumentar a vida útil do local por mais 15 anos.
“Agora recentemente em outubro, terminamos a última ampliação do aterro, uma área de 44 mil metros quadrados, acoplada a fase anterior que foi ampliada há oito anos, vai dar uma vida útil para o aterro de 15 a 18 anos. A área antiga tem uma cota de 90 metros de altura e são as duas áreas que vão dar essa vida de 15 a 18 anos”, destaca Vilela.

Reciclagem
Apenas 6% do lixo de Goiânia é reaproveitado. A medida pode colaborar para aumentar a vida útil do aterro sanitário, como explicou Juscelino Vilela.
“Isso aí se resume à conscientização da população. A gente tem que implementar mais a coleta seletiva, a reciclar este material. Hoje estamos dentro da média nacional em termos de reciclagem que gira em torno de 6 a 7% do material de resíduo reciclado, essa média teria que ser maior para aumentar a vida útil do aterro. Hoje temos a preocupação muito grande, pois a população não tem a consciência para aumentar a reciclagem”, relatou o diretor do aterro.
Quando é feito o projeto do aterro sanitário, é feito um estudo do solo, de estabilidade, de ver a carga que pode receber, a distância e profundidade do lençol freático para não receber impactos ambientais. O chorume gerado não contamina o meio ambiente, pois há uma manta impermeabilizadora.
“O lixão é um lugar que é feito o depósito do resíduo, onde tem catadores. Aqui não temos catadores, o aterro é um lugar em que o solo é impermeabilizado, para o chorume não contaminar o solo, o lençol freático, e o lixão não é um lugar adequado para receber o resíduo”, completou Vilela.
Para o promotor e Justiça do Ministério Público de Goiás, Juliano Barros, além da coleta seletiva, outra saída é mudança do perfil do aterro sanitário. Acordo foi firmado entre o MP e a Prefeitura.
Plano Diretor
A professora Karla Maria da Silva analisou com preocupação a permissão de expansão urbana nas imediações do aterro. Os vereadores de Goiânia, assim como a Prefeitura, tiveram a oportunidade de pensar o futuro de forma mais adequada, mas a chance foi desperdiçada.
A atual legislatura, ao votar a lei com o argumento que tudo já havia sido discutido com profundidade, além de permitir o avanço da expansão urbana nas proximidades do aterro, ainda não destinou uma nova área para tratamento dos resíduos da cidade. Goiânia não tem outro local, terminando a vida útil do aterro, haverá um grave problema.
“Esse modelo de expansão urbana, você promove adensamentos urbanos, e com isso amplia a quantidade de rejeitos e de lixo que vão sendo produzidos. Não tem como previsão nesse modelo de expansão, de ocupação da cidade, uma outra área destinada para se transformar em Aterro Sanitário. Hoje é onde o aterro se encontra, há uma necessidade de mudança de paradigma para que a gente continue usando essa área a longo prazo”, analisou a professora Karla Maria da UFG.

O excesso de lixo produzido é uma preocupação. O material orgânico e reciclável não pode simplesmente sair da nossa mão e parar embaixo da terra.
Estes e outros tipos de materiais podem ser reaproveitados. Isso é sustentabilidade, é preservação da natureza, mas essa história você continua acompanhando nos próximos capítulos desta série de reportagens.
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