Passar alguns minutos do dia com seu melhor amigo de quatro patas enquanto busca se recuperar de uma doença. Momentos simples que podem render uma recuperação mais tranquila, rápida e proporcionam sensação de bem-estar, saúde emocional e física. Este é um dos objetivos da Terapia Assistida por Animais (TAA), também conhecida como pet terapia. 

O médico oncologista clínico, Felipe Oliveira, recomenda esse tipo de terapia para pacientes com câncer em Goiânia. Gostar de pets, segundo ele, é o primeiro requisito que o paciente precisa preencher para receber esse acompanhamento. 

“Especialmente quando esses pacientes têm animais de estimação em casa. Os pets, sejam eles gatos, cachorros e outro tipos de pets, conseguem trazer para o doente, para aquela pessoa que está passando por um problema difícil, seja um câncer ou qualquer outro problema, um benefício do ponto de vista psicológico, emocional, para que ele possa se reconectar com seus tratamentos, com aquilo que é mais importante para ele, e dar àquele doente uma força para conseguir seguir o tratamento de uma forma mais íntegra”, afirma. 

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Além disso, estudos comprovam que a terapia com animais influencia positivamente aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos dos pacientes. “Os animais de estimação consegue devolver àquele doente aquilo que remete à casa, ao lar, família, carinho apoio”, afirma o médico oncologista. “A gente não trata apenas a doença. A gente trata o doente, ele é o alvo disso tudo. E a presença de um bicho de estimação, de um animal, vai dando essa senação de liberdade, de carinho, de aconchego. Ele já consegue melhorar muito o lado psicológico desse doente”, acrescenta. 

Felipe Oliveira (Foto: Sagres Online)

Ademais, outra preocupação, segundo Felipe Oliveira, é a saúde dos animais que auxiliam na pet terapia. Todos precisam estar vacinados e vermifugados. Desse modo, garantem também a segurança dos pacientes. 

“O animal deve ter uma carteira de vacinação atualizada. A gente não pode expor o doente a um risco. É importante o animal ter um atestado de saúde do veterinário. Tem também de estar limpo, nas última 24 horas deve ter passado por um banho, corte de unhas, avaliação de ouvido”, complementa. 

Atendimento humanizado

Referência neste tipo de atendimento, o Hospital Estadual Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu, região Norte do Estado, proporciona sessões de pet terapia aos pacientes em tratamento na unidade.

O projeto, entretanto, é uma iniciativa da unidade do Governo de Goás, administrado pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed), e conta com o apoio dos profissionais da equipe multidisciplinar do Gigante do Norte, como é chamado o hospital.

Segundo publicação de estudo na Revista de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), os pacientes que foram submetidos à companhia de cachorros durante o tratamento da pressão alta tiveram resultados extremamente positivos, uma vez que os animais desencadeiam a sensação de bem-estar, saúde emocional e física. Dessa forma, não se pode encarar a TAA necessariamente como cura, mas como atalho para ela, durante o tratamento de pessoas hospitalizadas.

TAA no Ingoh, unidade em que atua o médico Felipe Oliveira (Imagens: Ingoh)

Perfil comportamental

Além disso, a pet terapia do HCN conta com quatro cães com perfil comportamental para o desenvolvimento desse tipo de atividade: Otto, Maria-Pinga, Nescau e Cacau. Treinados para esse tipo de sessão, levam sempre muita alegria e muito carinho para os pacientes, acompanhantes e colaboradores do hospital, enquanto promovem um momento de descontração.

Pets do HCN, em Uruaçu (Foto:Victor Weber/Imed)

Os atendimentos, contudo, ocorrem em duplas e mudam a rotina das alas que recebem a visita, despertam sorrisos entre os corredores do hospital. Além disso, a presença dos pets leva ainda mais conforto e positividade para pacientes, familiares, visitantes e profissionais da unidade.

Conforme o HCN, a aproximação, o toque e o carinho são absorvidos como um sinal de esperança para a superação das lesões físicas e psicológicas de quem está em tratamento.

As sessões de pet terapia do HCN ocorrem seguindo todos os protocolos. O objetivo é garantir a segurança e a integridade dos pacientes e dos animais. De acordo com o hospital, todos os animais têm perfil para esse tipo de atividade, sendo necessária uma seleção deles ainda filhotes. Nesse momento, observa-se o comportamento da linhagem com características de sociabilidade e obediência, reforçadas com treinamento e cuidados para evitar situações de estresse.

Para a organização e segurança dos atendimentos, além de contar com protocolos que são seguidos rigorosamente, o projeto possui monitoramento da comissão do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) da unidade.

Com informações da Secom/Goiás

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