A cada expectativa de grande público, o assunto que mais gera atrito entre diretoria e torcedores é o valor do preço dos ingressos. Na atual conjuntura dos clubes brasileiros fora da primeira divisão é difícil não tentar aliviar a crise financeira nas rendas, ainda mais um clube como o Vila Nova que depende quase que exclusivamente desta fonte para sobreviver. De outro, também não é complexo entender a razão do torcedor de reclamar dos preços devido as limitações no poder aquisitivo.
Quando num primeiro momento, Newton Ferreira revelou o pensamento da diretoria em cobrar os valores de 50 à 100 reais para domingo. Muitos reclamaram dos valores. Um preço de final de Libertadores para uma rodada da Série C. Eu, certamente, se não estivesse no meio dessa briga, também reclamaria. O presidente Joas Abrantes anunciou, nesta segunda-feira, os valores de 40 para arquibancada e 60 para a cadeira. O jogo do próximo dia 28 tem vários elementos atrativos:
1 – Horário do jogo transferido para as 16h;
2 – boa campanha do time na Série C e ainda vem de duas vitórias consecutivas na competição e se mantém na zona de classificação;
3 – grande atuação da equipe depois de 22 meses sem vencer fora de casa;
4 – todos reconhecendo a postura dos jogadores de entrega e vibração – o famoso e há muito tempo abandonado “espírito vilanovense de ser”;
5 – estreia de Róbston, Leonardo Jesus e Felipe Brisola;
6 – aniversário de 70 anos do clube;
7 – 15 mil ingressos da promoção NOTA SHOW DE BOLA para aqueles que não tiverem condições de comprar os ingressos;
8 – meia entrada para quem estiver vestido com a camisa do Vila Nova;
9 – sorteio de brindes no intervalo.
Nenhum outro time da capital teve tanto atrativo para convocar seu torcedor a comparecer no estádio Serra Dourada. Assim, num jogo de torcida única, impossível não imaginar um jogo de proporções grandes com a organização de uma linda festa. Mas vamos aos números:
Fiz uma média dos dois jogos do Vila Nova nesta Série C: Na estreia contra o Barueri, o ingresso custou em média R$ 17,93 (Renda total/ público pagante) com a variação de 10 a 40 reais. Diante desta mesma variação, a média do ingresso vilanovense diante do CRAC foi de R$19,09.
Os rivais Atlético e Goiás possuem médias um pouco acima da apresentada pelo Vila. No melhor público rubro-negro, 2052 pagantes, a média do custo do bilhete foi de R$20,06. Na pior presença de público, 1776 torcedores, a média caiu para R$19,99. O Goiás teve a maior variação. No maior público, diante do Corinthians, o bilhete custou em média R$ 26,25. No menor público, contra a Portuguesa, o custo foi de R$ 19,45.
Incluo alguns dados do Santa Cruz-PE, a grande referência em público presente nesta edição da Série C do Brasileiro. Nos três jogos que fez como mandante, o time pernambucano teve média de 230 mil reais arrecadados e quase 20 mil pagantes – o custo médio do bilhete foi de R$ 12,07 na primeira, R$12,40 na segunda e R$12,41 na terceira. Até que ponto é interessante ser um fenômeno de estádios cheios, mas sem poder de investimento para apresentar atrativos realmente significativos?
Acredito que nesta disputa, a diretoria do Vila Nova conseguiu ser coerente e bastante equilibrada. Os valores apresentados podem ser praticados com tranquilidade durante o campeonato. Com resultado em campo, o Vila Nova terá a resposta nas arquibancadas. Vi alguns torcedores pedindo ingresso a R$2 – sinto muito, mas esta ideia que é parte inerente de uma filosofia ultrapassada que o futebol goiano precisa se desvencilhar. E alguns colegas de imprensa também. Precisamos cobrar criatividade, modernização de gestão, novas formas de captar recursos e que o clube possa arrecadar de uma forma equilibrada diante do potencial econômico de seu torcedor.
O departamento jurídico do Vila Nova conseguiu importante vitória nos tribunais da Justiça Trabalhista. O clube foi notificado do parecer do JT que entendeu por anular o contrato de trabalho apresentado por Robélio Scheineger, o Cavalinho, com salário de 25 mil por mês e uma multa rescisória de R$ 500 mil. O clube foi condenado a pagar os salários e direitos que cabiam a Robélio no valor de 155 mil reais, além de uma multa no valor de 10 mil por rescisão do contrato. O ex-treinador foi condenado a pagar multa de 1% no valor da ação por má fé (algo em torno de 1300 reais). Parabéns ao trabalho do Dr. Rodolfo Otávio Mota que conseguiu reverter uma situação complicada e apresentar provas de que o contrato havia sido feito depois que o ex-presidente, Eduardo Barbosa, tinha sido destituído do cargo de executivo do clube. Me lembro de ter acompanhado a audiência, no final do mês de fevereiro, para ouvir as testemunhas de defesa e acusação do caso. Robélio e a própria testemunha não falaram a mesma língua, deixou claro o suspeito golpe ao caixa colorado.