As mudanças implementadas pelo governo federal na educação especial vêm sendo fruto de questionamentos por parte da comunidade educacional. A criação de salas de aula específicas para alunos com deficiência, e até mesmo escolas totalmente dedicadas a este público, estão entre os pontos mais controversos, segundo avaliação de especialistas em educação.

A assessora jurídica do Instituto Jô Clemente, Luiza Murakami, destaca que as medidas vão na contramão do que preza o instituto e, consequentemente, a educação inclusiva.

“É preciso investimento em sala de recursos nos Estados, investimento em educação especializada nos municípios, a conscientização das pessoas sobre a educação inclusiva, trabalhar isso com as famílias e a capacitação de professores e profissionais de educação que lidam com as crianças no dia a dia”, afirma.

O decreto com as alterações foi divulgado no mês passado. De acordo com o Ministério da Educação, um dos princípios fundamentais da proposta, chamada de “Polícia Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida”, é o direito do estudante com deficiência, e de sua família, na escolha da alternativa mais adequada para educação. O estudante que quiser, agora, pode ingressar em uma sala onde apenas crianças com deficiência estejam matriculadas.

“A deficiência é um diagnóstico, mas ela não define aquela pessoa. Ela vai ter as suas dificuldades no aprendizado, na comunicação, mas cada um de nós aprende de uma forma diferente, se comunica de uma forma diferente. A gente como sociedade e como cidadão, tem que trabalhar essa questão da diversidade e de aceitação de que os padrões que existem hoje não funcionam para todo mundo”, avalia.

Segundo Luiza Murakami, a atuação dos profissionais de educação no aprendizado das crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência é fundamental.

“A pedagoga que trabalha no contraturno que é o desenvolvimento para conseguir lidar com as barreiras de aprendizagem, ela conversa também com a professora dessa criança e desse adolescente na escola. É um trabalho conjunto, um portfólio individualizado, cada aluno tem o seu. Elas conversam com a professora, fazem esse amparo, falam o que está e o que não está dando certo”, pontua.

Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #123