(PALMAS/TOCANTINS) – Um bate-papo descontraído sobre prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) marcou o início das atividades de dezembro no Pólo Tocantins da Demà Jovem by Renapsi. A Ação Aprendiz sobre o Dezembro Vermelho foi conduzida pelo enfermeiro de Saúde da Família, Ériko Marvão, que é especialista na área e participa de pesquisas sobre IST’s e seus impactos.

O especialista explicou a importância de iniciar esse trabalho de conscientização com jovens da faixa etária dos Aprendizes da Renapsi. “Possibilitar que esse jovem tenha conhecimento e que tenha protagonismo sobre o seu próprio corpo, que ele possa decidir a sua história de vida, seja para bom ou ruim, mas que ele tenha a consciência que está decidindo a sua história, e a partir do conhecimento isso é possível”, explicou.

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Para Ériko, o trabalho com os jovens tem impacto também nas famílias e nas comunidades, o que ele chama de “efeito rebanho”, que é quando um jovem passa a ser um multiplicador das informações que aprendeu. “Como se fosse jogar uma sinuca. Você bate numa bola, mas não quer encaçapar aquela bola, você quer bater em outra. Então, a gente sabe que esses meninos vão levar a informação pra frente, eles conversam entre si”, comentou.

Além disso, o enfermeiro lembrou que o tabu pode ser um fator que impossibilita a prevenção. “A gente sabe que nossos pais e avós tinham uma dificuldade muito grande de falar sobre sexualidade, então a informação geralmente vinha do coleguinha. Essa história ainda não mudou, por incrível que pareça. Há muita carência de esclarecimento. Então, quanto mais a gente possibilitar essa explicação e sensibilização, um vai levando para o outro, que é o que a gente chama de multiplicadores da informação”, resumiu.

Recém chegada à Renapsi, a jovem Ana Clara de Souza faz parte da turma do curso básico e considera importante esse tipo de iniciativa da instituição, com o objetivo de difundir informações de saúde aos jovens. Assim como previsto por Ériko, ela pretende compartilhar conhecimento em casa e conscientizar mais pessoas sobre a importância da prevenção às IST’s.

“Eu particularmente, sim. Vou chegar em casa, conversar com os meus irmãos e tudo mais. Acredito que cada um que participou dessa palestra aqui hoje vai ter esse privilégio de contar para a família e compartilhar todo esse conhecimento”, afirmou Ana.

Jovens serão multiplicadores de informação e poderão levar o conhecimento aprendido à família e amigos. (Foto: Izabela Martins)

Desafios

Com uma vasta experiência em diversas faixas etárias quando o assunto é Saúde da Família e prevenção de IST, Ériko ressaltou que os números de Tocantins são preocupantes. O Estado figura como uma das unidades da federação com um alto índice de câncer de pênis, em virtude da infecção por HPV e pela falta de atenção com a higiene. Segundo o enfermeiro, um dos principais desafios para mudar essa realidade passa por questões culturais que vem de gerações.

“A cultura brasileira de resolver a coisa no jeitinho e de tentar resolver quando já está esculhambada. A gente precisa mudar essa cultura e acho que a gente tem que começar pela escola, na educação básica. Temos que mudar o cidadão lá no início. É por isso que a gente precisa investir no jovem”, reforçou.

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Para Ériko, o fato de o jovem ser quem que vai cuidar das pessoas no futuro faz aumentar a importância de transmitir as informações de prevenção ainda na escola. “O jovem é o cidadão que está chegando e que a gente vai entregar esse mundo para ele gerir daqui a pouco. Então, precisa ter o entendimento de que se a pessoa se cuida, ela inevitavelmente cuida do outro. É a responsabilidade que se eu cuido do meu, cada um cuida do seu, a gente cuida do nosso”, sintetizou.

Ao final da palestra, Ériko orientou os estudantes a procurarem as unidades de saúde para fazer o exame de HPV, disponível na rede pública para jovens até 25 anos. Já a vacina também está disponível na rede pública para crianças de 9 a 14 anos.

O Dezembro Vermelho é uma campanha instituída pela Lei nº 13.504/2017 e marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST’s chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.

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