É comum no cenário atual do futebol brasileiro clubes lutarem na Justiça contra ações trabalhistas. As equipes convivem com dívidas que perduram por muitos anos na esfera judicial e essa situação impacta diretamente na receita das agremiações. Por isso, o Atlético Goianiense vem se planejando para que esse tipo de despesa não faça parte do dia a dia do clube e que em poucos anos, já esteja totalmente saneado.
“No ano de 2017 para cá fizemos todo um planejamento administrativo e jurídico. O mais importante além de sanear o passivo que se tem, é criar situações para que novas ações não sejam geradas ou seja, para que o círculo vicioso tenha fim. Isso conseguiu ser implantado dentro do clube, então consegue-se sanear com o passar do tempo. Então eu vejo que em um curtíssimo espaço de tempo o Atlético estará 100% saneado na parte trabalhista e cível. Há anos é clube bem administrado”, projetou o advogado do clube, Paulo Henrique Pinheiro, à Sagres 730.
Ao todo o Dragão ainda tem 18 situações pendentes, sendo que 10 já estão em cumprimento de acordo, ou seja, já estão sendo quitadas pelo rubro-negro. As demais ainda estão em fase de execução. Destas ações 14 são de jogadores, uma de um treinador, dois médicos e um profissional que trabalhou no departamento de futebol. Confira os detalhes:
Ações em execução (8):
Ricardo Bueno (atacante): 2012 (18 jogos e 2 gols) – Atualmente no Buriram United
Adriano Pimenta (meia): 2011 e 2012 (3 jogos e 0 gols) – Em 2019 no Goiatuba
PC Gusmão (técnico): 2013 (19 partidas) – Coordenador técnico do Vasco
Anderson Conceição (zagueiro): 2013 (14 partidas) – Cuiabá
Marcos Martins (lateral-direito): 2012 (22 partidas e 1 gol) – São Bento
Paulo Henrique (zagueiro): 2004 a 2006 / 2010 a 2014
Zezinho (meia): 2015 (8 jogos e 0 gols) – Joinville
Itamar José (médico)
Ações em cumprimento de acordo (10 ações):
Artur Jesus (zagueiro): 2013 e 2014 (79 partidas e 1 gol) – Khon Kaen/Tailândia
Gilson (zagueiro): 2007 a 2013 (107 partidas e 10 gols)
Felipe (atacante): 2011 e 2012 (46 jogos e 13 gols)
Paulo Henrique (lateral-direito): 2013 (1 jogo) – Toledo
Edcarlos Carneiro (departamento de futebol)
Sandro Laboissiere (médico)
Ricardo Jesus (atacante): 2013 (28 jogos e 7 gols) – Tombense
Marcão (atacante): 2008 a 2012 – Pelotas
Leonardo (zagueiro): 2011 a 2013 (20 jogos e 1 gol) – Levadiakos/Grécia
Marcus Winícius (volante): 2014 a 2017 – Inter de Lages
A última ação concretizada foi a do atacante Willie, 27 anos, que atualmente defende o The Strongest da Bolívia. O jogador vestiu a camisa rubro-negra em 2015, disputou 21 partidas e marcou dois gols. Ele pediu R$ 100 mil entre FGTS, 13º salários e outros vencimentos. Entretanto, acabou perdendo a ação.
“O clube recebeu com satisfação (vitória na Justiça), mas já esperávamos esse resultado porque tínhamos toda a documentação cabível e uma boa prova em relação aos pagamentos que estavam sendo pedidas pelo atleta”, destacou o advogado.
Ele ainda ressaltou que desde novembro de 2017, alterações nas leis trabalhistas possibilitaram que os clubes pudessem negociar com mais facilidade os valores solicitados pelos profissionais.
“O que ficamos felizes é que aquela impressão que fica no imaginário popular de que a Justiça do Trabalho sempre vai dar ganho de causa para o trabalhador não procede. Embora seja uma justiça social e que tenha princípios de que tem que proteger o trabalhador pela hipossuficiência dele, a Justiça do Trabalho analisa as provas, dá ampla defesa, houve os dois lados e após a reforma trabalhista em novembro de 2017, traz situações diferentes para trabalhadores que recebem o dobro do teto da Previdência Social, que hoje está em torno de R$ 12mil. Para atletas que disputam as séries A e B do Campeonato Brasileiro a regra é eles receberem acima desse valor, então há uma liberdade negocial maior do que trabalhadores que recebem valores menores”, explicou Paulo Henrique Pinheiro.