Você sabia que em todo dia 14 de agosto é comemorado o Dia do Controle da Poluição Industrial? A data foi instituída no Brasil ainda em 1975 e busca provocar uma reflexão sobre os efeitos negativos da atividade de indústrias e fábricas ao meio ambiente. O debate, portanto, não é novo e muita coisa já evoluiu nas últimas décadas na entre o desenvolvimento industrial e a sustentabilidade. Nesta edição do Agir Sustentável, vamos entender se a indústria é mesmo um vilão na busca por um mundo melhor.

A poluição industrial é um problema que afeta diretamente o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas. Ela ocorre devido às atividades que liberam substâncias tóxicas e poluentes, além de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Essa emissão afeta o ar, a água e o solo. Os chamados processos industriais foram responsáveis pela emissão de 78 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera do país em 2022, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Além do dia nacional de controle da poluição industrial, o Brasil tem leis para punir os crimes ambientais.

O principal agente responsável pela poluição industrial é a queima de combustíveis que libera gases tóxicos na atmosfera. Os maiores problemas são causados, além do dióxido de carbono, pelo metano e cádmio, dois gases extremamente tóxicos que, se não forem devidamente tratados, se acumulam nos organismos e causam doenças. A contaminação por rejeitos da indústria também gera graves consequências para rios e córregos com o lançamento de produtos químicos orgânicos e inorgânicos. Outro ponto é a poluição do solo com uso de pesticidas.

O professor da UFG e doutor em engenharia da produção, Carlos Martins Hoezel, aponta fatores que, historicamente, levaram à poluição industrial. O especialista explica que as atividades industriais devem se atentar constantemente aos resíduos produzidos.

Carlos Martins Hoezel (Imagem: Sagres TV)

Apesar do cenário histórico, o professor avalia que existe uma luz no fim do túnel e que o setor industrial já tem se adaptado às demandas por sustentabilidade. Até porque são práticas que podem aumentar a rentabilidade das empresas, além do impacto positivo ao meio ambiente.

Já para o próprio setor industrial, essa luz não está exatamente no fim do túnel. Ela é uma realidade atual na rotina de empresas que dependem de processos industriais. É o que afirma André Rassi, presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG).

O especialista cita ações de indústrias relacionadas ao tratamento de efluentes e, principalmente, as novas formas de se pensar a vida útil dos produtos que são fabricados e consumidos. O representante do setor industrial minimiza o registro de casos de poluição, que eventualmente são registrados em denúncias e operações dos órgãos de defesa ambiental. Ainda segundo André Rassi, as entidades organizadas pelo setor da indústria trabalham ações para prevenção e qualificação de empresários e trabalhadores para evitar a ocorrência de crimes ambientais.

Boas práticas

Além dos departamentos nas empresas, do discurso sobre ESG e da legislação, como na prática a atividade industrial tem se adaptado às demandas pela preservação do meio ambiente? É o que a gente confere com um exemplo de reciclagem de resíduos industriais tóxicos e perigosos. E você já parou para pensar que a sua rotina pode influenciar a indústria? Com as roupas que a gente usa, por exemplo.

Latas e recipientes de plástico sujos de óleo, filtros de ar usados e tantos outros rejeitos de uma concessionária e oficina de caminhões, em Goiânia, poderiam ser descartados no aterro sanitário e ficar por anos causando um grande impacto ambiental. Esse tipo de resíduo é considerado tóxico e perigoso, mas a empresa decidiu contratar os serviços de uma terceirizada para a coleta adequada e reciclagem de todo esse material.

Primeiro, os resíduos são acumulados por uma ou duas semanas nesses contêineres, até a chegada do caminhão, que realiza a coleta depois de uma análise prévia e registro de cada material. Daqui, são aproveitados produtos como lâmpadas, pedaços de madeira, pilhas e baterias, filtros de ar, de óleo e de combustível usados pelos caminhões, além de tecidos, parabrisas, materiais de plástico e papeis.

Da empresa, o material vai para a sede da Ecopetro, onde passa por uma triagem antes de ser processado. Quem explica em detalhes é o diretor de Meio Ambiente da Ecopetro Leandro Lemes. Além dele, o sócio da empresa e químico industrial, Paulo Roberto Mota, aponta aumento da demanda nos últimos anos, pelo crescimento da atividade petroquímica, mas também por conta do avanço da conscientização ambiental.

Indústria da moda

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Nesta edição do Agir Sustentável, vamos entender se a indústria é mesmo um vilão na busca por um mundo melhor (Foto: Reprodução/Sagres TV)

E você sabe a origem e o destino de todas as peças de roupa que você usa? A moda sustentável é a área do setor industrial que se preocupa com soluções mais responsáveis social e ambientalmente para todo o ciclo de vida de uma roupa. Entram conceitos importantes como de consumo consciente e economia circular.

A criação de grandes lixões de roupas é parte das consequências da moda rápida, ou fast fashion, no termo em inglês. É o padrão de produção e consumo em que os produtos são fabricados, consumidos e descartados muito rápido. Mas existem outros modelos mais racionais e sustentáveis.

O apresentador Rubens Salomão foi conferir vários exemplos práticos disso no maior encontro de brechós do Brasil, que acontece todo mês na região central de Goiânia. São mais de 100 lojas que levam todo tipo de roupa e calçados reciclados e reaproveitados para as bancas. Ele conversou com as empreendedoras Valquíria Rezende e Lídia Oliveira.

Apesar do histórico de vilão, a sustentabilidade industrial já pode ser uma realidade com a iniciativa de pessoas e empresas. O importante é criar ações práticas para que as atividades priorizem o uso de recursos naturais e renováveis com o objetivo de desenvolver o negócio, mas sem causar danos que afetem as gerações futuras.

Confira o programa nesta segunda-feira (19), no canal da Sagres TV 26.1, na Rádio 730 AM, bem como pelo canal do YouTube do Sistema Sagres. E o assunto também é destaque no próximo episódio do Agir Sustentável, que vai tratar dos desafios da sustentabilidade no setor agropecuário. Até lá!

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 09 – Indústria, inovação e infraestrutura.

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