Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou ser vítima de um grupo criminoso que tramou sua derrubada do governo.

“Venho a esta comissão para restaurar a verdade. O grupo aqui investigado, tramou a minha derrubada, um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal. Misturar mentiras e meias verdades, com objetivo de me tirar do Governo do Distrito Federal”.

“Não há indicação de um único fato que eu tenha praticado a favor do grupo Cachoeira e da Delta. O governo vem sendo perseguido pelo crime organizado de forma orquestrada”. De acordo com Queiroz, o governo de DF possui apenas um contrato com a empresa Delta (coleta de lixo e varrição de ruas), segundo ele, assinado na gestão de Rogério Rosso em 09/12/2010.

Agnelo cita o senador Demóstenes Torres e áudios da Operação Monte Carlo da Polícia Federal em que o grupo de Cachoeira, de acordo com ele, trama a sua queda do governo. Além disso, o grupo de Carlinhos tentou fraudar o sistema de bilhetagem eletrônico do transporte coletivo do DF. De acordo com o governador, o sistema não saiu.

“Nunca recebi o senhor Carlos Cachoeira como governador. Nunca me ligou, nunca me visitou”, diz Agnelo. O governador assegura que encontrou Cachoeira apenas na ocasião em que visitou a Vitapan, empresa farmacêutica que Carlos Augusto era sócio na cidade de Anápolis. Na época, Queiroz ocupava o cargo de diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Sobre a bilhetagem

Ao afirmar que o grupo de Cachoeira tentou entrar no sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público, Agnelo afirmou que retrocedeu a ideia das gestões anteriores de entregar o processo às empresas privadas.

“É verdade que houve a trama. Mas o DFTrans não abriu licitação. Como falar em Cachoeira operando licitação no GDF? Se ele tivesse ligação com o governador, precisaria contratar lobista para chegar até a Secretaria de Transportes? Por favor, não vamos ofender a inteligência alheia”, questionou.

De acordo com o governador, após o poder público reassumir o controle do bilhete eletrônico, foi descoberto um rombo de R$ 2 milhões em cartões clonados. O subsídio anterior, segundo ele, era de R$ 9 milhões e depois, caiu para R$ 3 milhões.

Quebra do sigilo

Ao terminar o depoimento que precede as indagações do relator e demais parlamentares, o Governador Agnelo Queiroz anunciou a abertura de seus sigilos: “Sei que compareço como testemunha, sei que não é usual, mas coloco à disposiçao da CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico”.

A citação de Agnelo causou tumulto no plenário e sob aplausos de inúmeros parlamentares, Agnelo encerrou: “quem não deve não teme”.