Já ouviu falar em Agosto Dourado? É uma campanha que tem como objetivo ressaltar a importância da amamentação e auxiliar as mães que querem amamentar seus filhos, mas têm dificuldades. Esses desafios surgem devido à falta de uma rede de apoio, críticas externas e a falta de estímulos.

De acordo com a pediatra Larissa Trivelato comentários como ‘Será que seu leite é fraco?’ ou ‘Esse bebê está chorando, deve ser fome!’, colocam em dúvida a capacidade da amamentação e da mãe de nutrir o bebê.

“A puérpera está na fase mais sensível da sua vida, ela necessita de apoio e encorajamento. Se algum familiar se sentir inseguro quanto ao processo, ele deve estimular a mãe a procurar o pediatra. Inclusive, ele pode se oferecer para levá-la e acompanhar a consulta”, explica.

A especialista destaca que para uma boa amamentação é preciso haver uma pega correta. Isso acontece quando a boca do bebê acopla bem no seio da mãe pegando tanto o bico quanto a aréola.

“O bebê deve estar com a boca bem aberta com os lábios voltados para fora e abocanhar a maior parte da aréola, que deve estar mais visível na parte acima da boquinha. As bochechas do neném devem estar redondas e não fazendo furinho, o queixo encostado na mama, nariz desobstruído e ele não deve fazer estalos. Porém devemos lembrar que cada mãe e bebê terão suas particularidades! Significa que nada deve ser colocado com uma receita rígida, mas sim avaliado caso a caso”, detalha.

Dificuldades mais comuns ao amamentar

Muitas mães podem sentir uma sensibilidade maior nos mamilos durante a amamentação. A pediatra Larissa Trivelato ressalta que a dor é algo individual e pode desestimular a mulher a prosseguir e optar por outras medidas.

“É importante verificar se a pega está correta e se a criança não possui algum tipo de alteração de freio lingual (anquiloglossia). Essa modificação pode causar desconforto e até lesões. É preciso orientar a mãe que com o tempo a sensibilidade irá diminuir e oferecer a ela opções. Algumas delas são a laserterapia ou mesmo banho de sol nos mamilos de 5 a 8 minutos de uma a duas vezes ao dia. Além disso, é indicado deixar os seios sempre secos e passar o próprio leite nos mamilos após as mamadas. Existem ainda produtos que podem ser aplicados na mama, sob orientação médica e que não prejudicam a amamentação”.

Incômodos em lactantes

Outros problemas comuns em lactantes são fissuras no seio, mastite e candidíase mamária. A especialista conta que todas essas questões têm em comum a dor ao amamentar.

“Nas fissuras podemos observar lesões nos mamilos, sangramento e muita dor local. A mastite é uma infecção portanto, pode ter febre, prostração, mal-estar, vermelhidão e sensação de calor ao toque no seio, endurecimento da mama acometida, além de dor. A candidíase mamária pode se manifestar apenas como dor ao amamentar até lesão local e no bebê. Todas essas condições exigem tratamento médico e orientação no processo de amamentação”, detalha.

Bicos artificiais

A pediatra destaca que os bicos artificiais, seja de chupetas ou mamadeiras, seguem como os principais vilões para amamentação e podem levar a confusão de bico. Isso acontece quando a criança posiciona sua língua de forma diferente no bico artificial e ao seio, o que pode levar a dificuldade na pega com lesão na mama e até a recusa.

“A mamadeira libera o fluxo de leite muito mais rápido e sem tanto esforço. O bebê tende a buscar o que é mais fácil e pode preferir o fluxo da mamadeira ao seio, levando a irritabilidade e novamente a recusa ao seio da mãe. O bebê precisa sugar e isso tem inúmeros motivos e benefícios. A sucção do bebê é o que estimula a produção de leite, portanto, principalmente no primeiro mês, ela deve ocorrer de forma frequente e por um período prolongado. Se perdermos esse estímulo colocando uma chupeta podemos ter uma produção reduzida”, salienta.

Tamanho do mamilo e amamentação

 A relação do tamanho do mamilo e da boca do bebê não é um problema na amamentação, segundo a pediatra.

 “Mamilos muito grandes podem dificultar a pega principalmente em bebês prematuros por estimularem o reflexo de vômito. Contudo, o que vemos na prática é que os bebês, mesmo os muito pequenos, têm uma capacidade de se adaptar ao seio da mãe e eles encontram o seu encaixe”, revela ela.

A especialista ainda destaca a importância da mãe ter uma rede protetora da amamentação. “Amamentar é um processo que pode ser diferente do que imaginamos e que pode necessitar de apoio, porém sempre é recompensador e a melhor escolha”, ressalta Larissa Trivelato.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 13 – Ação global contra a mudança do clima

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