Por mais de uma vez recebi de torcedores a reclamação sobre a abordagem dos policiais do BEPE – Batalhão Especializado de Polícia de Eventoa, da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO), nos estádios.
Pedi a algumas pessoas que vão aos jogos e estas me repassaram informações vazias, e decidi não abordar o assunto. Nós, os comentaristas, estamos tendo poucas chances de trabalhar nos estádios, ainda em função dos cuidados necessários no pós-pandemia. Estamos realizando nosso trabalho dos estúdios da emissora, vendo o jogo pela televisão.
Por ocasião do jogo Atlético X Fluminense, em que tive a oportunidade de trabalhar no Estádio Antônio Accioly, tentei observar a veracidade da denúncia, mas não tive condição, em função de um desacerto na hora de acessar o estádio – acabei não tendo o tempo para fazer a verificação como gosto.
Após o jogo, no momento em que estava saindo do estádio, me dirigindo para o local onde deixei meu carro, um grupo de torcedores que estava bebendo em um bar das proximidades me abordou e novamente fez as denúncias contra as abordagens dos homens do BEPE -exatamente as mesmas de sempre.
Veio então o jogo Atlético X Palmeiras. Como não iria trabalhar do estádio, solicitei a algumas pessoas de minha inteira confiança que observassem a ação dos PMs nas abordagens. Criteriosamente, fiz o pedido para pessoas de faixa etárias, classes sociais, grau de escolaridade e preferência política diferentes. A ideia foi fazer um grupo eclético, de pessoas responsáveis, desconhecidas umas das outras para ver o que convergia e o que divergia.
As repetidas denúncias de abuso de autoridade por parte de alguns policiais dão conta de que abordam os torcedores intimidando mesmo antes da identificação, com palavras grosseiras. Se alguém para observando, recebe imediata ordem para sair de perto, e para aqueles que retrucam que aquilo não está certo, a ordem é outra: “Denuncia para o Ministério Público, aí sim teremos contas a acertar”; ou “Vá na corregedoria da PM e verá que temos mais coragem do que imaginam”. Meus informantes confirmaram que a coisa com alguns dos policiais é exatamente assim.

Para deixar bem claro, quando afirmo ‘alguns policiais’, logicamente estou afirmando que não são todos.
As palavras nem sempre são exatamente as que coloquei entre aspas, mas o sentido é sempre o mesmo.
Ninguém em sã consciência pode deixar de entender que o BEPE faz um trabalho de grau de dificuldade extrema. Ninguém pode solicitar o fim das abordagens – nestes tempos de torcida organizada, não é tarefa fácil separar mocinho de bandido em estádio de futebol. Mas é preciso o mínimo de civilidade por parte de quem veste uma farda de um Batalhão de Polícia Especializada da gloriosa PMGO. A instituição é referência de competência no Brasil inteiro, e deixar que alguns menos preparados, ou mais prepotentes maculem a imagem de uma reserva institucional goiana não é boa pedida.
Diante da situação de repressão excessiva e de autoritarismo exagerado, por parte de alguns, apelo para o comando do BEPE, que tenho certeza não saber disto, que oriente as excessões para agir dentro da regra. O futebol agradece, o torcedor também e nossa gloriosa PM mantém o brilho conquistado com a dedicação na busca da eficiência por aqueles que vestem sua farda com idealismo e competência, que felizmente é a maioria.
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