O ambiente escolar no Brasil não é seguro para pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero). É o que revela a Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil, de 2016, realizada pela Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

A orientação sexual e a identidade de gênero são as principais características pessoais que motivam a insegurança dos jovens nas escolas. 60,2% afirmaram se sentir inseguros/as na instituição educacional por causa da orientação sexual e 42,8% pela maneira como expressavam o gênero. O peso ou tamanho do corpo aparece em terceiro com 29,4%, o que também acende um alerta para a gordofobia nos ambientes educacionais. A religião foi apontada como motivo para insegurança por 14,6% dos pesquisados.

PERCENTAGEM DE ESTUDANTES QUE SE SENTEM INSEGUROS/AS NA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL POR CAUSA DE UMA CARACTERÍSTICA PESSOAL

Entre os espaços evitados por conta da insegurança, banheiros (38,4%), aulas de educação física (36,1%) e vestuários (30,6%) são os principais. O estudo busca reunir subsídios para fundamentar políticas públicas que possibilitem transformar as instituições educacionais em ambientes mais seguros e acolhedores para estudantes LGBTQIA+.

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Violência:

A grande maioria dos entrevistados sofreu violência no ambiente escolar. 73% afirmaram ter sido agredidos/as verbalmente por causa de sua orientação sexual, 68% foram agredidos/as verbalmente por causa de sua identidade/expressão de gênero e 56% foram assediados/as sexualmente na escola. No caso de violência física, 27% dos/das estudantes foram agredidos/as fisicamente por causa de sua orientação sexual e 25% foram por causa de sua identidade/expressão de gênero.

Por meio de 1016 respostas efetuadas no questionário on-line, o relatório retrata níveis elevados e alarmantes de agressões verbais e físicas, além de violência física. O levantamento também expõe “níveis baixos de respostas nas famílias e nas instituições educacionais que fazem com que tais ambientes deixem de ser seguros para muitos estudantes LGBTQIA+, resultando em baixo desempenho, faltas e desistências, além de depressão e o sentimento de não pertencer a estas instituições por vezes hostis.”

De acordo com a pesquisa da ABGLT, um estudo nacional de 2004 realizado pela UNESCO em escolas brasileiras, que entrevistou mais de 24 mil pessoas, mostrou que 39,6% dos estudantes homens não gostariam de ter um colega de sala de aula que fosse homossexual, 35,2% dos pais e mães não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual e 60% dos/das professores/as afirmaram não estar suficientemente bem informados/as para abordar a questão da homossexualidade na sala de aula.