Anápolis é uma das cidades goianas que decidiram adaptar o Plano Estadual de Vacinação de Goiás e ampliar a imunização para idosos que não estão em abrigos de longa permanência. Em entrevista ao Sagres Sinal Aberto nesta manhã de quinta-feira (21), o prefeito do município, Roberto Naves, afirmou que optou por adicionar essa parcela da população por causa do alto índice de mortalidade.

Anápolis recebeu 12 mil doses da Coronavac para vacinar 6 mil pessoas. O plano inicial previa imunizar idosos acima de 80 anos que moram em abrigos e os profissionais da saúde da linha de frente. Segundo Roberto Naves, todos os 500 idosos que estão nessas instituições estão sendo contemplados com a vacina. Além deles, todos os 3 mil trabalhadores da saúde que lidam diretamente com pacientes contaminados também foram incluídos. Naves contabilizou a sobra de 2.500 vacinas e por isso decidiu ampliar o grupo prioritário.

“Poderíamos vacinar mais profissionais da saúde que não estão na linha de frente ou poderíamos vacinar um grupo que a taxa de mortalidade é altíssima. Decidimos vacinar os idosos acima de 85 anos, porque um em cada quatro idosos veio a falecer com a Covid-19. Optamos por preservar a vida das pessoas que correm mais risco”, explicou. Anápolis contabiliza 2.500 pessoas acima dos 85 anos.

Ouça a entrevista na íntegra:

Naves ressaltou que está seguindo as determinações de Secretaria de Saúde de Goiás e do Ministério da Saúde. “Nós avaliamos nossa matriz de risco e adequamos à nossa realidade. Estamos administrando na escassez. (…) Infelizmente, a única coisa que os prefeitos podem fazer é aguardar o Ministério da Saúde. Temos 4,5 milhões de doses no Butantan aguardando autorização da Anvisa. Está longe de ser o suficiente, mas é o que temos”.  

GESTÃO FEDERAL

O prefeito avaliou como natural o comportamento do Ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do presidente Jair Bolsonaro nas negociações das vacinas.  “Existe uma corrida mundial pelas vacinas. Entendo que cada gestor trabalha com sua realidade. Eu não faço julgamento daquilo que não tenho conhecimento macro. (…) Nós tivemos um atraso nos testes da vacina de Oxford, que foi a aposta do governo federal. Não podemos falar que nada foi feito. A vacina chinesa conseguiu ter melhores resultados”.

RESTRIÇÕES

Segundo Roberto Nave será publicada ainda nesta quinta uma nota técnica com novos protocolos de segurança. “A cidade está em nível leve e não há a necessidade de ter nenhuma interferência no horário de funcionamento do comércio. O que estamos fazendo é preparando para que a gente possa enfrentar a segunda onda da mesma forma que enfrentamos a primeira, dando atendimento a todos os Anapolinos”.

Anápolis registrou nessa quarta-feira (20) o maior número de casos desde setembro. Foram 996 novos registros da doença. É o maior número desde o dia 15 de setembro do ano passado. Roberto Naves explicou que o dado é preocupante, mas que também leva em consideração a taxa de ocupação de leitos de UTI e enfermaria.

“Hoje, Anápolis tem uma rede exclusiva do município com 50 leitos de UTI e 80 de enfermaria. Quando começa a aumentar o número de internações e começa a ter risco de colapso no sistema de saúde, naturalmente a gente aumenta as restrições. O aumento do número de casos nos preocupa e, por isso, estamos adiantando essa nota técnica e depois vamos publicar os protocolos. A taxa de ocupação é que define o que abre e o que fecha”.

Hoje, 14 pacientes estavam em UTIs destinadas aos pacientes com Covid-19. Esse dado não contabiliza os internados no Hospital de Urgências de Anápolis (HUANA), uma vez que o leitos da unidade são administrados pelo Estado.