Em entrevista à Sagres, o economista Euripedes Júnior afirmou que a cada mês que o Brasil se aproxima das eleições presidenciais de 2022, mais o dólar deve apresentar volatilidade, o que deve causar mais aumentos nos combustíveis, com consequências na inflação nacional.

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“Em todo ano eleitoral, o dólar tem essa volatilidade, dependendo do resultado das pesquisas, se é o candidato que agrada o mercado”, declarou Euripedes, que ainda explicou que, além disso, a tendência é de subida no preço do barril do petróleo pela retomada da economia.

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O economista esclareceu que diante dos aumentos nos combustíveis, principalmente do Diesel, o Brasil pode ter uma subida em cadeia nos preços dos alimentos, pois o transporte no país é “70% feito por rodovias”. “A cada 10 itens comprados no supermercado, pelo menos, sete foram transportados por caminhões que utilizam diesel como combustível. Então, o impacto que o diesel traz para as pessoas é, de fato, muito maior que a gasolina, porque nós temos uma dependência muito maior desse sistema de transporte”, detalhou.

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Apesar da dependência atual do sistema rodoviário, houve uma diminuição, segundo Euripedes, com a operação da Ferrovia Norte-Sul. “Antes tínhamos 75% de dependência, hoje a gente tem 70%. A diminuição ocorreu no transporte de grãos, mas ainda assim a mudança não foi significativa, porque depende muito de investimentos pesados e processos burocráticos para a concessão dessas áreas para as ferrovias”, pontuou o economista que disse acreditar que o Brasil precisará de cerca de 10 a 15 anos para reduzir essa dependência para 62%.

Além dos aumentos esperados pela proximidade das eleições de 2022, o economista explicou que ainda há um outro fator que aumentará o preço dos produtos. “As grandes empresas tem poder de barganha para convencer os caminhoneiros a levar os produtos pelo preço mínimo. E aí, os transportadores querem que haja um reajuste na tabela de custo de frete ou, pelo menos, uma diminuição deste custo para que consigam ter o dinheiro para trabalhar e sobreviver. Caso haja esse reajuste da tabela, o repasse desses aumentos para as indústrias e, consequentemente, para os consumidores, poderá ter impacto na inflação”, analisou Euripedes.

Assista a entrevista no Sagres Sinal Aberto: