O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, anunciou a condução de estudos para uma possível privatização da Petrobras, na última quinta-feira (12). em entrevista à Sagres, nesta segunda-feira (16), o economista Danilo Orsida afirmou que vê essa ação do ministro como “jogo de cena”, pois a Petrobras é uma empresa de economia mista, “que a luz do direito é uma personalidade jurídica de direito privado”.

“Tanto é verdade que é possível comprar ações da Petrobras na bolsa de valores. Vejo com uma grande incongruência dizer que ela será privatizada. Pelo contrário, ela já foi privatizada há anos. Nos anos 2000 não faz sentido falar em privatização de uma empresa que já é uma pessoa jurídica de direito privado, embora tenha, em boa parte de seu capital, investimento e capital público, já que se trata de um setor estratégico da economia”, analisou o economista.

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Para Danilo, o anúncio tem mais efeito político em função do contexto brasileiro no momento, com disparada do preço dos combustíveis. “É um setor que gera grande desgaste político, ainda mais em ano eleitoral. Essa fala tem muito mais uma finalidade de descolar da imagem do governo a responsabilidade, ou sinalizar uma solução simples para esta causa do preço dos combustíveis, que é complexa”, explicou.

Questionado sobre a possibilidade de mudança na política de preços da empresa, Danilo detalhou que o petróleo é uma commodity internacional e, por isso, é improvável que haja alteração na moeda utilizada, hoje o dólar, em função das negociações serem conduzidas no ambiente externo.

Segundo economista, uma opção para tentar reduzir o preço dos combustíveis pode ser a abertura de mercado, que tem suas dificuldades. “O estímulo a concorrência seria um bom caminho, observando outros setores que passaram por uma abertura de mercado. A concorrência trouxe uma melhor oferta e pressionou os preços para baixo. Mas não podemos esquecer que o setor de combustíveis demanda um aporte de investimentos muito alto e nem sempre o setor privado está disposto a correr esses riscos. Daí se faz necessário a intervenção do governo, que em setores estratégicos mantém sua presença em razão do vultuoso capital que é necessário”, destacou.

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