Dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) apontam que ao menos 137 cidades brasileiras tiveram mais de nove meses consecutivos de estiagem em 2024. Destas cidades, Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, foi a que passou o maior período nesse estresse climático, sendo 14 meses. Os dados do Cemaden foram obtidos e divulgados com exclusividade pelo portal de notícias G1.
A cidade acompanhou a região onde está localizada, pois o Norte registrou o pior cenário de seca no país. Mas, no total, o Centro indica que aproximadamente 59% do território brasileiro esteve ao menos por um mês inteiro em situação de estiagem. O percentual corresponde a mais de 5 milhões de km² do país.
A estiagem não tem previsão para acabar, afirmou o Cemaden que auxilia o governo brasileiro em políticas contra a crise climática. O órgão data o início da crise da estiagem em junho de 2023, com a detecção do fenômeno El Niño no Oceano Pacífico. Mas também aponta o desmatamento e as queimadas como agravantes da situação.
Efeitos da estiagem
O Brasil registrou uma sequência de ondas de calor em 2023 e começou o ano de 2024 também com altas temperaturas. Mas duas características do país o fazem viver a estiagem em extensão e intensidade diferentes. A primeira já conhecida é que o país tem dimensões continentais e a segunda ligada a isso é que as regiões recebem os efeitos dos fenômenos climáticos de formas diferentes.
Ao avaliar todas as cidades do país, portanto, o Cemaden notou que ao menos 137 cidades ficaram nove meses consecutivos sem chuvas. A situação gera problemas econômicos, de saúde e afeta o acesso a serviços básicos. No caso da Região Norte, onde muitas comunidades se deslocam pelos rios, a seca deixa muitas comunidades isoladas.
Por causa da seca nos rios, estudantes de uma escola pública do Amapá andaram por cerca de uma hora e atravessaram o percurso na lama para chegar na escola. No Amazonas, milhares de pessoas ficaram sem acesso à água e as famílias que vivem da pesca foram afetadas. Além do desmatamento e das queimadas, que gerou uma densa nuvem de fumaça sobre o país este ano, os fenômenos naturais do aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte, os bloqueios atmosféricos e o El Niño também contribuíram para a estiagem.
Expectativa pelo La Niña
A esperança das mudanças de cenário no Brasil e em outras partes do mundo está na chegada do La Niña, previsto para chegar até fevereiro. O fenômeno natural que também ocorre no Oceano Pacífico, com o resfriamento de sua água, é o oposto do El Niño e vai trazer temperaturas mais amenas e mais chuvas.
No entanto, a estimativa era que o fenômeno fosse detectado no Pacífico em novembro, previsão já alterada para ocorrer até fevereiro e com possibilidade de vir mais fraco e mais tarde. Pesquisador do Cemaden, Luis Marcelo Zeri afirmou que a recuperação do país não será rápida, pois será necessário um acúmulo de chuvas acima da média.
“É necessário um período prolongado de chuvas acima da média para possibilitar a recuperação. Chuvas dentro da normalidade, como as atuais, não serão suficientes. São 18 meses de seca, um déficit muito alto”, destacou.
Assim, o Centro estima que a seca seja o cenário do país pelo menos até março de 2025, e considera incerta a intensidade das temperaturas no verão, que começa no país no dia 21 de dezembro.
*Com informações do portal G1
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.
Leia mais: