O primeiro episódio do pODS, podcast alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), aprofundou as discussões sobre o Novo Ensino Médio. O modelo entrou em vigor em 2022 para alunos do 1º ano. Até 2024, a implementação deverá ocorrer em todas as turmas de forma gradual.

Assista à íntegra do pODS #1 seguir:

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No entanto, as condições para a implementação do novo modelo ainda são adversas. É o que destaca o o coordenador do Instituto Unibanco, Gabriel Medina. ”O interior é muito diferente da capital. As condições de se ofertas os itinerários são muito diferentes, a própria formação dos professores. O desafio no Brasil é conseguir fazer essa reforma com condições ainda não adequadas de infraestrutura, de professores, de uma série de questões que precisam avançar muito para a gente conseguir fazer com que isso tenha sucesso”, pontua.

Os Itinerários Formativos são o grande diferencial do Novo Ensino Médio. Trata-se do conjunto de unidades curriculares que devem ser ofertadas pelas escolas e redes de ensino para o aprofundamento de conhecimentos e preparação para o futuro dos alunos. Com a mudança, abre-se a possibilidade de o estudante se aprofundar em temas de sua preferência com objetivos pessoais ou de preparação para o mercado de trabalho, bem diferente do modelo anterior, como destaca Medina.

”O Ensino Médio anterior estava bastante deficitário em relação à resposta das expectativas dos estudantes e da sociedade brasileira contemporânea. Era um ensino muito fragmentado, com muitas disciplinas, bastante conteudista, enciclopédico, pautado em conteúdos para disputa do vestibular e pouco conectado com os desafios da vida”, afirma Medina.

Carga horária

O formato prevê mudanças na carga horária e na grade curricular dos alunos do 1º, 2º e 3º ano. A carga horária passa a ter 3 mil horas letivas ao final da fase de ensino, ou seja, o aluno cumprirá mil horas letivas anuais.

Além disso, o aumento foi de 200 horas em relação ao modelo anterior. São 1,8 mil horas dedicadas ao currículo comum e 1,2 mil para as disciplinas eletivas dos itinerários formativos.

”Traz um ensino mais orientado com base em competências. São 10 competências básicas, que são da educação com um todo, tentando conectar os desafios da escola com desafios mais práticos da vida”, complementa Medina.

Da escola para o mercado de trabalho

Flávio Roberto de Castro e Gabriel Medina (Foto: Sagres TV)

O professor e presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás, Flávio Roberto de Castro, defende que o projeto de vida, ou seja, o que o aluno quer trilhar profissionalmente de acordo com as afinidades, precisa ser apresentado no início do 1º Ano do Ensino Médio.

”Esse momento vai fazer a conexão entre o que é a realidade da escola com o mundo de trabalho, e conversar com o aluno para que ele possa fazer uma escolha no caminho do Ensino Médio de qual área do conhecimento ele quer aprofundar”, esclarece.

O professor lembra que a mudança faz com que o Ensino Médio se torne mais atraente. Isso pode contribuir ainda para reduzir a disparidade entre a queda do número de matrículas no 1º ano do Ensino Médio em relação às matrículas do 9º Ano do Ensino Fundamental.

De acordo com Flávio Castro, é nessa transição que muitos alunos deixam as escolas para iniciar a vida no mercado de trabalho precocemente, para ajudar no custeio das despesas de casa.

”O projeto final é de que o aluno tenha a formação geral básica e, depois dessa estruturação, possa escolher uma área de afinidade. Por exemplo, você gosta de humanas, eu gosto de exatas, ele gosta de ciências da natureza, você gosta de linguagens e o outro tem afinidade com técnico profissional. Então, são os cinco itinerários. Esse é que é o grande desafio”, apontou Castro.

A formação do Novo Ensino Médio está organizada em quatro áreas do conhecimento, assim como é dividido o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). São elas:

  • Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Inglês, Artes e Educação Física);
  • Matemática e suas Tecnologias (Matemática);
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Química e Física);
  • Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia).

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