Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS) têm utilizado, em pacientes com Covid-19, máscaras de mergulho adaptadas para realizar a ventilação não invasiva (VNI). A iniciativa, além de aperfeiçoar o atendimento aos pacientes em diversos níveis, também contribui para a redução da mortalidade por Coronavírus.

Após serem testados, dez desses equipamentos já estão em pleno funcionamento no Hospital Municipal (HMAP), cinco nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) da cidade e mais quinze estão sendo adaptados para serem usados na rede de Urgências e Emergências da secretaria.

Segundo a coordenadora de Elaboração de Projetos da SMS, Ane Caroline de Lima Silva, as 20 máscaras destinadas à rede são todas de tamanho adulto, modelo Snorkel Full Face e fabricadas na China. Para serem utilizadas como máscaras de CPAP (Do inglês Continuous Positive Airway Pressure, Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), cada uma recebe um adaptador para entrada e saída de oxigênio feito em uma impressora 3D da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Aparecida, que imprime, desde julho, esse tipo de material.

“A máscara de mergulho cobre e tem uma boa vedação do rosto todo. Com o adaptador, é possível instalar um filtro Hepa que evita a propagação de bactérias e vírus para que o ar expelido não saia contaminado. Por isso, esse equipamento se tornou um aliado no combate ao Coronavírus e na recuperação dos pacientes, uma vez que impede a propagação do vírus e também evita a intubação, um procedimento que pode gerar riscos adicionais”, afirma a coordenadora, que é uma das responsáveis pela implantação dessa estratégia em Aparecida.

Máscara adaptada facilita o diálogo entre paciente e médico (Foto: Claudivino Antunes)

Mortalidade

A coordenadora médica da SMS, Katia Michelle dos Anjos Bonfim, ressalta que o objetivo primordial do uso das máscaras de mergulho adaptadas é o de “retardar, ou até mesmo evitar, a intubação orotraqueal dos pacientes com Covid-19 em insuficiência ventilatória, já que, segundo estudos científicos, o procedimento, apesar de necessário em alguns casos, aumenta o risco do paciente falecer. A presença do tubo endotraqueal pode lesar diretamente a mucosa da via aérea causando ulceração, inflamação, edema e hemorragia submucosa, e, em casos extremos, estenose (estreitamento) da via aérea, predispondo o organismo a infecções graves como pneumonia, sinusite e otite”.

Katia Michelle também explica que a intubação promove dor e desconforto, impede a alimentação por via oral e a fala: “Tais fenômenos impõem a necessidade de sedação e são responsáveis por sérios transtornos psicológicos. Em contrapartida, a ventilação não-invasiva por meio de máscaras nasais ou faciais diminui o trabalho muscular, melhora a troca gasosa, mantém as barreiras de defesa natural e reduz o período de ventilação mecânica”. Ela ainda acrescenta que não são todos pacientes que podem usar as máscaras adaptadas, pois elas não são indicadas para os casos mais graves, aqueles que apresentam alterações como rebaixamento do nível de consciência e instabilidade hemodinâmica”.

Impressora 3D

Aliada à essas ações, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação imprime, desde julho, peças para adaptar respiradores a máscaras de mergulho, auxiliando no tratamento de pacientes que necessitam de internação e oxigênio. As peças são produzidas por uma impressora 3D, adquirida para a realização dos projetos do Centro de Tecnologia Assistiva, da secretaria.

Após a impressão das peças, que são tubos com entrada e saída, elas são acopladas às máscaras de mergulho, que em conjunto com filtros de ar também acoplados à esta peça, permitem ao paciente inspirar e expirar, sendo que na hora que expele o ar, este não contamine o ambiente, protegendo os profissionais de saúde ao redor.

*Com informações da Prefeitura de Aparecida de Goiânia