A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) registrou o primeiro caso suspeito de hepatite grave de causa desconhecida no Estado. A paciente é uma menina de 2 anos, que mora em Aparecida de Goiânia. A médica sanitarista e Superintendente de Vigilância em Saúde em substituição na SES-GO, Cristina Laval, afirmou que a paciente já teve alta.

“Essa criança já recebeu alta, teve uma evolução benigna, já foi acompanhada dentro do serviço de saúde, foi internada durante algumas semanas, mas agora ela está bem, teve alta, no entanto a investigação ainda não foi concluída”, disse.

Segundo a médica sanitarista, são aguardados os resultados dos exames que estão sendo analisados no laboratório central da Vigilância em Saúde em Goiás e algumas amostras serão ainda enviadas para laboratórios de referência em outros estados. 

“O caso que estamos acompanhando em Goiás ainda está no início da investigação laboratorial, muita coisa ainda precisa ser esclarecida e isso leva tempo, porque tem exames que são feitos no nosso laboratório central e outros precisam ser enviados para nossos laboratórios de referência nacional. É um processo um pouco mais moroso de investigação”, afirmou.

Hepatite aguda de causa desconhecida

De acordo com o Ministério da Saúde já foram notificados 58 casos da hepatite aguda de causa desconhecida no país, sendo que 47 estão em investigação e 11 já foram descartados. Cristina Laval afirmou que já são quase 350 casos conhecidos no mundo, a maioria na Europa. A médica sanitarista explicou porque a doença é chamada de hepatite aguda de causa desconhecida.

“Todos esses casos que foram notificados passam por um processo robusto de investigação para afastar qualquer causa comum já conhecida. […] O que se sabe até o momento é que são hepatites agudas que não são causadas pelos vírus da hepatite que normalmente causam essa patologia, que são  os vírus das hepatites A, B, C, D e E”.

Laval esclarece que as hepatites têm várias formas de transmissão. A hepatite A, por exemplo, é transmitida através das fezes, da saliva, dos perdigotos e por veiculação hídrica. Já as hepatites B e C são mais transmitidas através de agulhas e seringas contaminadas. Ainda não se sabe o que causa essa hepatite aguda que está acometendo crianças em todo o mundo, mas as investigações já mostram alguns resultados semelhantes em mais de um paciente.

“Mediante as investigações já realizadas, sabe-se que uma proporção importante desses casos tem cursado com a detecção do adenovírus, que é um vírus que pode causar sintomas respiratórios. E outra parte desses casos tem cursado com o SARS-CoV-2, que é o vírus que causa a covid. Apesar de ainda não se ter nenhuma correlação entre o adenovírus e o SARS-CoV-2,  essas observações todas têm sido investigadas”, informou.

Monitoramento em Goiás

A Superintendente de Vigilância em Saúde em substituição na SES-GO, Cristina Laval, ressaltou a importância dos serviços de saúde, tanto o público quanto o privado, notificarem a Vigilância em Saúde sobre casos suspeitos da nova doença. Questionada sobre a diferença de sintomas da hepatite de causa desconhecida com as formas da doença já existentes, a médica afirma que não há distinção.

“É uma síndrome hepática aguda, normalmente cursa com febre, dores abdominais, vômito, diarréia e a chamada icterícia, que é aquela coloração amarelada na conjuntiva dos olhos e na pele. E também fezes esbranquiçadas que a gente chama de acolia e a urina mais escurecida, mais alaranjada, sintomas comuns a todas as hepatites agudas”, disse Laval.

A investigação da causa da doença está em curso em todo o mundo e até que se torne conhecida, a médica sanitarista reforçou que cuidados com medidas de controle gerais contra as hepatites, como a higienização das mãos são muito importantes para evitar a doença.

“Lavagem das mãos, a vacinação que nós temos hoje na rede pública para hepatites A e B, que devem ser realizadas, sobretudo nessa faixa etária de pessoas menores de 17 anos. […] E como nós temos uma proporção de casos no mundo onde foram detectados o adenovírus e o SARS-CoV-2, que são de transmissão respiratória, a importância do uso da máscara protegendo contra a transmissão desses vírus respiratórios”, finalizou.

Confira a entrevista completa:

https://youtube.com/watch?v=PzMg5mvImGA

 

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