A vitória sobre o Atlético-MG por 2 a 1 no último domingo (17) significou muito mais do que os três pontos e uma virada sobre o líder do Campeonato Brasileiro para o Atlético Goianiense. O rubro-negro teve, nesta partida, o retorno daquele que se tornou na última temporada, o principal nome do elenco: o volante Marlon Freitas.

Destaque do clube na boa campanha da última edição da Série A, o meio-campista não jogava desde o dia 25 de julho, quando sofreu uma fissura no pé esquerdo durante a vitória por 1 a 0 sobre o Santos, na Vila Belmiro. Em entrevista à Sagres, a primeira após a lesão, o jogador contou como foi receber a notícia de que ficaria um tempo no departamento médico.

“Quando veio a notícia que era uma fissura no pé, foi um baque para mim no momento. Pensei que, talvez, pudesse perder a temporada, não sabia o que iria acontecer. Mas fui fazendo o tratamento, a cabeça foi melhorando, tive o apoio da minha família, dos companheiros de clube e de todos que passavam ali no departamento médico para me dar uma palavra positiva”, revelou Marlon.

Marlon Freitas no departamento médico (Foto: Bruno Corsino/ACG)

Foram 84 dias até sua “reestreia” contra o Galo no último final de semana, sendo que em grande parte deste período, o atleta precisou trocar as chuteiras pela muleta. Sem poder pisar o pé no chão por mais de um mês, Marlon confessa que temeu não poder mais jogar este ano.

“Não vou falar que não passou pela minha cabeça (não jogar mais em 2021) porque passou, vou ser sincero. Mas a minha fé em Deus é muito grande (…) No começo eu achei que seria difícil pelo que os médicos vinham me orientando, me explicando que realmente era uma lesão chata e que demora a cicatrizar. Mas com muito trabalho e muita dedicação eu consegui, agora é poder ajudar o clube a conquistar seu maior objetivo, que é a permanência na Série A”, disse o jogador.

Neste período, o meio-campista precisou buscar forças para fazer uma boa recuperação e voltar o quanto antes aos gramados. Por isso, contou com o apoio de muita gente, como os funcionários do Atlético-GO e de seu pai, falecido em 2016, uma figura importante em sua vida e carreira.

“Me apeguei a várias coisas, mas vou falar primeiramente de Deus, da minha família e principalmente do meu pai. No próximo dia 21 faz cinco anos que meu pai faleceu, é uma pessoa muito importante, sempre me apoiou e acreditou e mim”, explicou Marlon, que agradeceu o suporte do staff do Dragão e o próprio clube pela estrutura também.

o volante ficou mais de um mês usando muleta para se locomover (Foto: Bruno Corsino/ACG)

Retorno em grande estilo

Novidade na formação do Atlético-GO aos 15 minutos do segundo tempo, Marlon Freitas voltou em grande estilo. Chamado de maestro pela torcida rubro-negra, ele precisou de quatro minutos em campo para dar assistência para Janderson empatar a partida. A calma para achar o passe na medida veio após momentos de ansiedade antes do apito inicial.

“Quando cheguei, deixei minha mala no vestiário e fui para o campo. Pisei com o pé direito no gramado, fiquei olhando, fui no gol, depois no meio-campo e comecei a orar e me emocionar. Foi muito importante aquele primeiro passo com o pé direito. Fico muito feliz de ter entrado, ajudado, sentir o calor da torcida me passando palavras positivas no momento em que estava aquecendo”, destacou.

“Eu não vi o gol do Atlético-MG, estava tirando o colete, daí pensei ‘já não vou entrar mais’. O time perdendo, vai colocar um meio-campo? Eu vi eles chamando o Brian (Montenegro), achei que iriam mudar a substituição, mas o Eduardo (Souza) e o João (Paulo Sanches) disseram que eu iria entrar. Graças a Deus (sic)”, completou o atleta.

Marlon, no entanto, não conseguiu conter as lágrimas após os 90 minutos. Ele recebeu a braçadeira de capitão das mãos de Fernando Miguel, o abraço e o carinho dos companheiros.

“(O choro) foi uma emoção ali por tudo que aconteceu. Era uma lesão muito chata e muito complicada porque não tinha outro meio (de recuperar) a não ser o repouso. Foi um momento difícil (…) Foi um processo difícil, mas tenho certeza que já valeu a pena, só de ter voltado, ter dado aquela assistência e ter sentido aquele ‘friozinho na barriga’ de quando comecei a jogar profissionalmente. Eu parecia uma criança ali”, celebrou.

Apesar de ter sofrido a pior lesão da carreira, passado por um momento complicado e ficado tanto tempo sem poder entrar em campo, Marlon Freitas deixou as lamentações de lado para tirar lições e agradecer.

“Foi muito importante esse processo. De todo processo temos que tirar algo positivo. Foi importante estar perto da família, receber palavras positivas, analisar algumas coisas que eu tinha que melhorar. Bate uma saudade, dois meses não são dois dias, então eu começava a assistir vídeos e ver os meus lances. Foi importante. É só agradecer, não tenho nada que reclamar”, afirmou o volante.

Confira a entrevista na íntegra: