O esporte vai muito além de uma simples atividade física. Para Raynã Oliveira Souza, o futebol de cegos trouxe um novo significado para a sua vida. Através do esporte, teve novas experiências e oportunidades para crescer e superar os obstáculos da vida.

O jovem de 20 anos reconhece a importância do esporte para a sua evolução e o papel que desempenha para o seu desenvolvimento profissional e acadêmico. “Com o esporte, aprendemos a ter disciplina e também a nunca desistir. Nem sempre vamos vencer, então temos que buscar resistência para se superar dia após dia”, destacou.

Seleção Brasileira

Ao lado de Maxwell Carvalho Valente, é um dos dois atletas de Goiás convocados pela seleção brasileira. Raynã compõe a equipe sub-20, que está concentrada em São Paulo (SP) desde o último sábado (28). O time se prepara para os Jogos Parapan-Americanos de Jovens, que serão disputados em Bogotá, na Colômbia, de 2 a 12 de junho.

Além do Parapan sub-20, também sonha com uma vaga na seleção principal. Em 2023, o Brasil disputará o Mundial, que será realizado em Birmingham, na Inglaterra, em agosto, e o Parapan principal, com sede em Santiago, no Chile, entre outubro e novembro. Pentacampeã mundial e olímpica, a Seleção é uma das fortes do mundo.

“Estou brigando por uma oportunidade nas três competições. Vamos ver se consigo ir para alguma. Será um calendário bem difícil do meio do ano para frente, mas temos que nos preparar bem para quando chegar os desafios sabermos fazer as coisas da melhor maneira”, ressaltou Raynã.

Com Raynã, o time B do Brasil foi vice-campeão do Desafio das Américas, em 2022 (Foto: Renan Cacioli/CBDV)

No entanto, essa não é a primeira experiência do jovem com a camisa “canarinho”. Em 2022, fez parte do time campeão do World Grand Prix, torneio sub-23 disputado na França, e também foi vice-campeão com o time B do Brasil no Desafio das Américas.

Hoje com 20 anos, Raynã recebeu sua primeira convocação aos 16, em 2019. Segundo ele, “foi um pouco difícil no começo, porque os meninos eram mais fortes e acostumados a jogar com chuteira. Eu jogava descalço, e existe uma diferença muito grande. Cheguei na seleção muito cedo, mas foi uma adaptação em alto nível”.

Além da seleção brasileira, Raynã é atleta da Associação de Cegos para Esportes e Lazer de Goiás (Acelgo) e treina diariamente no Centro de Referência Paralímpico de Goiânia. Foi através do projeto, inclusive, que o ala ofensivo conheceu o futebol de cegos.

Natural do Pará, Raynã contou que “o meu pai veio para Goiânia para procurar emprego e aqui ele entrou em contato com o Wender Coimbra (secretário-geral da Acelgo) e o professor João Turíbio (técnico da Acelgo e diretor de Paradesporto da Secretaria Municipal dos Esportes de Goiânia), e foram eles que me trouxeram para o esporte”.

Além dos objetivos pela Seleção, o jovem sonha com o título do Regional Centro-Norte pela Acelgo, campeã da Série B do Campeonato Brasileiro no ano passado. “Sabemos que a primeira preocupação quem sobe é não cair. O que espero em 2023 é um ano de regularidade, que consiga ser regular na seleção, mas principalmente no meu time”, frisou.

Capitão do time da Acelgo, Raynã recebe o troféu do título do Campeonato Brasileiro da Série B de 2022 (Foto: Renan Cacioli/CBDV)
Aprendiz do Futuro

Uma parte importante da trajetória de Raynã passa pela sua experiência no programa Aprendiz do Futuro, desenvolvido pela Renapsi junto com o Governo de Goiás. Através do projeto, o jovem teve a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Hoje trabalha na unidade do Vapt Vupt do Araguaia Shopping.

Com uma rotina diária cheia, o jovem explicou que “tento ter maior regularidade no esporte e no trabalho, e os estudos faço nos horários vagos e no fim de semana. É muito corrido, mas conseguimos levar a vida em busca de melhorar cada vez mais”.

Sobre a importância como jovem aprendiz, Raynã destacou que “é fantástica essa experiência como Aprendiz do Futuro, porque nunca tinha trabalhado formalmente e pela Renapsi tive a minha primeira oportunidade. Quando recebi a convocação, demorou um tempo para acreditar que estava trabalhando e entender o que estava acontecendo”.

Emocionado, ressaltou que “é um projeto muito bacana. Nunca me deixaram de lado e sempre tentaram me incluir em tudo, sempre muito abertos às minhas necessidades. Por toda essa disponibilidade e flexibilidade, por entenderem o meu lado e as melhores coisas para mim, tenho muita gratidão por tudo o que a Renapsi fez por mim”.

“Espero que cada vez mais consigam buscar mais deficientes, porque é muito importante. É uma experiência fenomenal, e só quem passa por ela entende. A Renapsi tem total estrutura para receber pessoas com deficiência e espero que cada vez mais consigam adentrar no mercado de trabalho por meio do programa”, completou Raynã.

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