À esquerda, Ricardo Vélez-Rodriguez, ao lado de Filipe Martins, secretário de assuntos internacionais do PSL (Foto: Reprodução/Twitter)

O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou na última quinta-feira (22), pelo Twitter, o nome de Ricardo Vélez-Rodriguez para assumir o Ministério da Educação (MEC) na próxima gestão. Colombiano naturalizado brasileiro, ele é filósofo e professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército. Mas o que o futuro ministro poderá fazer pelo ensino e aprendizagem no Brasil?

Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, especialistas opinaram sobre a indicação do presidente eleito. Para João Batista Oliveira, que preside o Instituto Alfa e Beto, temas como o polêmico Escola Sem Partido, tão defendido por Bolsonaro, podem ficar em segundo plano para Rodriguez.

“Os grandes desafios são outros, os mesmos para qualquer ministro. Um problema de financiamento, gastos acima do limite, uma redução demográfica que exige políticas importantes. O problema da qualidade da educação também permanece”, diz.

Segundo Oliveira, a qualidade na formação dos professores deve ser aprimorada para evitar que haja a defesa de uma ou outra ideologia. “Melhorar o currículo, a didática, a formação do docente. Senão só se fica comendo pelas bordas. Se acontece esse problema (de pensamento único), é porque há má qualidade de formação. E eventualmente, é preciso melhorar também os métodos de avaliação”, argumenta.

Na opinião do diretor da Fundação Lemann, Deniz Mizne, a indicação de Rodriguez foi surpreendente, e descarta que um nome pouco conhecido possa gerar problemas para a Educação nos próximos anos.

“Não é um nome tradicional do círculo da educação. Mas não acho que o fato de ele não ser conhecido possa gerar um problema. O MEC é uma equipe grande. É um ministério de muitos desafios e complexidades”, avalia.

Para Mizne, Rodriguez precisará ter uma atenção maior em relação aos alunos que não conseguem desenvolver uma aprendizagem adequada. “Está fora dos debates que só 7% dos alunos terminam o ensino médio sabendo o nível adequado em matemática. Deixamos 93% das crianças para trás. É importante que haja um foco, ou até uma obsessão sobre esse tema”, conclui.

Ricardo Vélez Rodriguez é mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); doutor em pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho; e pós-doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron. 

Antes da indicação de Rodriguez, chegaram a ser cotados os nomes de Guilherme Schelb (procurador da República) e de Mozart Ramos (diretor do Instituto Ayrton Senna) para o MEC. Um “bom nome técnico” foi o argumento de Jair Bolsonaro para a escolha do filósofo e professor emérito do Exército.