O que você entende quando o assunto é educação inclusiva? Sabia que ela garante o direito à educação e preza pela igualdade de oportunidades e valorização das diferenças humanas? Além disso, não importa se elas são diferentes étnica, cultural, social, sensorial, fisicamente ou em gênero. 

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Ademais, a reportagem especial de Palloma Rabêllo para a série Repense, da Sagres, mostra exatamente esse cenário na educação. A matéria ilustra o trabalho realizado pelo Centro Municipal de Apoio à Inclusão Maria Thome Neto (CMAI), em Goiânia, e o Atendimento Educacional Especializado (AEE), da rede estadual. 

Para o professor e pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), José Eduardo Landuti, o ensino individualizado a crianças com deficiência é importante. No entanto, ele reforça que trata-se de uma complementação que esse serviço traz para a educação comum das escolas. 

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“O principal desafio é justamente a gente entender que alguns tipos de atividades individualizadas, serviços destinados ao público com deficiência, autismo ou altas habilidades, não substituem a escola comum. A gente não pode achar que a inclusão se dá em ambientes à parte, mas o atendimento educacional especializado, que pode acontecer tanto na escola como em centros que oferecem esse serviço, eles estão ali justamente desenvolvendo atividades para que esse aluno atendido faça parte da sociedade em geral”, afirma Lanuti.

Sem padrões

Cintia Santos é psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte-MG. O instituto leva o nome de quem dedicou a vida ao ensino e a luta pela igualdade de direitos das pessoas com deficiência intelectual. À Arena Repense, Cintia argumenta que o ato de educar, entretanto, não pode seguir um padrão. 

“O ato de educar não pode ser padronizado. É um educar para cada um. Por mais que o professor tenha o desafio de ensinar a turma toda. Esse é o desafio da educação como um todo, não só para as pessoas com deficiência”, pontua. 

Padrão, no entanto, que o jovem aprendiz Lucas Lima dos Santos, de 23 anos, encontrou na escola onde estudou na infância. À Arena Repense, o hoje auxiliar administrativo da Demà by Renapsi – Polo Tocantins, conta que voltava chorando das aulas para casa. Isso, segundo ele, ocorria praticamente todos os dias. 

“Tive muitas dificuldades [na escola], mas no decorrer do tempo fui perdendo essas dificuldades. Hoje em dia faço muitas coisas. As pessoas até chegam e falam que eu faço coisas que pessoas normais não fazem. Eu me inspiro muito em mim mesmo”, afirma. 

Diferenças

Para o professor Lanuti, porém, a educação inclusiva só acontece quando há o convívio com quem é diferente, ou seja, com todos. “Quem é diferente de nós? Todo mundo, porque somos seres singulares, únicos, não nos repetimos. É muito importante aprender com a diferença do outro. A inclusão escolar não diz respeito só a quem tem uma deficiência, mas aquelas pessoas que não são consideradas assim também são muito beneficiadas com o contato, o convívio com pessoas que têm alguma deficiência ou que se enquadram no transtorno do espectro do autismo ou possui altas habilidades, porque é na diferença que a gente se desenvolve também”, conclui.

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