A educação inclusiva é uma concepção de ensino que tem o objetivo de garantir o direito à Educação. Esse tipo de ensino preza pela igualdade de oportunidade e a valorização das diferenças humanas. Por exemplo, as diversidades étnicas, culturais, sociais, físicas, intelectuais, sensoriais e de gênero.

Outra questão importante sobre a educação inclusiva é que ela preza pelo acesso, a participação, o desenvolvimento e a aprendizagem de todos, sem exceção. Para isso é necessário adequar a cultura, as práticas e as políticas vigentes nas escolas e nos sistemas de ensino.

Já passou pela sua cabeça como funciona o processo de ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes com necessidades especiais? Se nunca se questionou sobre isso, chegou a hora de começar. É através da dúvida que surge a curiosidade, a vontade de pesquisar e aprender mais sobre determinado assunto. A falta de conhecimento é o principal motivo para diversos tipos de preconceitos, inclusive, contra pessoas atípicas (pessoas que apresentam alguma alteração no funcionamento neurológico, cognitivo ou comportamental).

Alunos com deficiência

Durante o ano de 2022, cerca de 17 mil alunos com deficiência, foram atendidos na rede estadual de ensino. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) a maior parte desses estudantes é de deficientes intelectuais e autistas.

Na rede estadual, há 338 escolas com salas de Atendimento educacional Especializado (AEE). Do total de colégios com alunos deficientes matriculados, 33 são especiais e as outras instituições são escolas regulares, onde existem alunos com e sem deficiência.

Nesses colégios, os professores regentes e os profissionais da Educação Especial trabalham em equipe para levar educação aos alunos. O objetivo é apoiar a socialização desses educandos considerando suas especificidades.

Aprender brincando

O Centro Municipal de Apoio à Inclusão Maria Thome Neto (CMAI) trabalha com três eixos para o desenvolvimento das crianças, são eles: Cognitivo, Psicomotor e o Eixo da Comunicação e Linguagem.

Sala de Psicomotricidade, onde os alunos melhoraram os movimentos do corpo, a noção de espaço e coordenação motora (Foto: Palloma Rabello)

A primeira sala é de psicomotricidade, tem como objetivo melhorar os movimentos do corpo, a noção de espaço, a coordenação motora, equilíbrio e o ritmo. A professora do Desenvolvimento Psicomotor, Ester Cristina Pinheiro, explica que as crianças que têm dificuldade em locomoção são encaminhadas para a sala e recebem uma série de estímulos para auxiliar o desenvolvimento motor.

“A psicomotricidade presa por desenvolver o lúdico nas crianças através de jogos e brincadeiras. Geralmente, são grupos menores ou individuais dependendo da necessidade da criança e o orientador está sempre próximo, auxiliando o estudante para que ele se desenvolva ao máximo”, explica Ester.

Desenvolvimento cognitivo

O segundo espaço é dedicado ao Desenvolvimento Cognitivo. Assim como a sala anterior, o local foi inteiro pensado para estimular e gerar interesse nas crianças, mas o foco é nas habilidades que são necessárias para o educando frequentar uma escola de ensino regular.

“A gente trabalha a memória, o raciocínio, a atenção e a percepção. Tudo aquilo que o estudante precisa ter como base para que ele consiga entender e absorver o conteúdo”, pontua a professora de Desenvolvimento Cognitivo, Janaína de Carvalho.

Comunicação e tecnologia assistiva

O terceiro eixo é sobre Comunicação e Tecnologia Assistiva. Ele é voltado para trabalhar e ampliar as habilidades de comunicação de pessoas que possuem disfunções que dificultam a leitura, a fala, e a interpretação de conversas e textos. A pedagoga da Comunicação e Tecnologia Assistiva, Cândida Amaral Vieira, conta que o importante é estimular todo o potencial das crianças.

“Meu foco é na estimulação das habilidades comunicativas e linguísticas, tanto de compreensão quanto de expressão. Também desenvolvo com as crianças as habilidades de consciência fonológica que contribuem com o processo de aquisição de leitura e escrita” ressalta.

A professora frisa que os atendimentos duram em média 40 minutos, com grupos de no máximo quatro alunos por sessão.

Benefícios da educação inclusiva

A educação inclusiva gera uma série de benefícios para as crianças, as famílias e a sociedade em geral. Por exemplo, melhoria do desempenho em linguagem e matemática, aumenta as taxas de conclusão do Ensino Médio e gera relações positivas entre alunos com e sem deficiência.

Espaço é dedicado ao desenvolvimento cognitivo (Foto: Palloma Rabello)

A analista de projetos, Danielly Abrahão Teles, conta que um dos principais sinais de evolução que percebeu no filho foi a socialização.

“Meu filho tinha uma certa mágoa das outras crianças, pois ele sempre tentava fazer amizade e elas o descartavam. Aqui isso não acontece, as pessoas o acolhem da melhor forma e é uma dádiva para mim. Não tem preço perceber que o seu filho está sendo acolhido e respeitado”, conta.

A dona de casa, Nayara Rodrigues, afirma que é perceptível que o filho está desenvolvendo novas habilidades. “Ele tem muita dificuldade de aprendizagem, mas agora já está sabendo reconhecer as formas geométricas. É sempre uma alegria quando ele chega em casa e me conta o que aprendeu. As mães que têm filhos com dificuldade de aprender se sentem realizadas quando percebem as evoluções, mesmo que seja passo a passo”, fala emocionada.

Apoio a família

Roda de conversa de mães e educadores (Foto: Palloma Rabello)

Uma questão importante é o acolhimento à família, mais especificamente, as mães de crianças atípicas.

Na maioria das vezes, a grande responsabilidade sobre a educação dos filhos recai sobre a mulher.

A construção social machista sugere que as mulheres nasceram para ter filhos, e são cobradas, por isso, a cada instante.

Durante o ano letivo a instituição oferece momentos de confraternização e palestras, para que as mães se mantenham bem-informadas, acolhidas e troquem experiências uma com a outra. A educação das crianças é um trabalho conjunto, entre a família e a escola.

A dona de casa, Juliani Gomes Brito, relata que as palestras e o acolhimento que eles oferecem são muito necessários para que as mães aceitem e aprendam mais sobre as especificidades dos filhos.

“A gente precisa entender o que eles têm para saber lidar e educar. Não é fácil ter um filho com deficiência. No meu caso eu não sabia como reagir, como tratar e neguei muito quando descobrimos, mas a aceitação foi necessária para que eu conseguisse ajudar meu filho e consegui isso aqui”, Juliani Gomes Brito.

Acolhimento

Mães de crianças com deficiência são obrigadas a lidar com julgamentos, falta de apoio, isolamento, esgotamento físico, mental e emocional.

A dona de casa, Tatiany Santos Soares, conta que, apesar de pouco tempo, as formações já contribuíram muito para ela como mãe.

“O desempenho das profissionais é impecável, elas acolhem as mães que chegam aqui sem saber o que fazer com as crianças. Nós somos cuidadas, muitas vezes chegamos machucadas e não sabemos como agir com a criança em casa. No CMAI recebemos formação carinho e acolhimento”, ressalta Tatiany.

Mães e alunos do Centro Municipal de Apoio à Inclusão Maria Thome Neto (CMAI)

Educar a criança e o adolescente com deficiência intelectual é uma tarefa árdua, mas, mesmo com muitos desafios, o mais importante é dar amor e as orientações necessárias.

Entender a deficiência, demonstrar compreensão, e usar métodos personalizados para cada um faz com que eles se desenvolvam de forma gradual. O primeiro passo para um mundo mais inclusivo é aprender a aceitar as diferenças.

Estado

Para o gerente de Educação Especial da Seduc, Weberson de Oliveira, o atendimento educacional especializado é a peça fundamental para a educação especial dentro do processo de inclusão. Ele cita que são vários públicos e que requer a atenção do Estado. Veja abaixo:

Weberson avalia que é preciso de uma atenção conjunta de educadores para potencializar o processo de ensino na vida dos alunos deficientes.

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