Em setembro de 1987, Goiânia sofreu o maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear. Mesmo 36 anos depois da tragédia do Césio-137, algumas marcas físicas ainda restam na cidade, entre elas, alguns lotes baldios, nos setores Central e Aeroporto.
No dia 13 de setembro de 1987, dois jovens catadores de recicláveis, Roberto dos Santos Alves, 22, e Wagner Mota Pereira, 19, foram até o prédio desocupado de uma clínica de radioterapia no centro da cidade, onde existia um aparelho de cesioterapia que havia sido abandonado no local.
O terreno onde ficava a clínica de radioterapia hoje é ocupado pelo Centro de Cultura e Convenções de Goiânia. Os trabalhadores desmontaram o objeto e o levaram para casa, com a intenção de vender as peças e gerar algum dinheiro.
Dentro do aparelho, existia uma cápsula de apenas três centímetros, na qual havia 19,26 gramas de césio. O conteúdo radioativo foi o suficiente para gerar mais de 6 mil toneladas de rejeitos contaminados pela radioatividade.
Marcas
Dois locais em que moravam os catadores, por conta da radioatividade, foram concretados e até hoje construções não são permitidas nos espaços. Os terrenos ficam próximos um do outro, sendo o primeiro na Rua 57 no Centro de Goiânia e o segundo, na Rua 26-A, no Setor Aeroporto.
No lote da Rua 57 ficava a casa de Roberto, local onde ele e Wagner tentou separar a capsula, o primeiro contato direto com a substância radioativa. A casa precisou ser demolida e o chão foi concretado com um cimento especial. Desde que o acidente foi identificado, o espaço é monitorado por técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O segundo lote, situado na Rua 26-A, no Setor Aeroporto, funcionava o ferro-velho e oficina de Devair Alves Ferreira, que tinha 36 anos à época. Wagner e Roberto venderam para o mecânico parte das peças contaminadas do aparelho de cesioterapia, no dia 19 de setembro de 1987.
Acidente
No ferro-velho de Devair, o césio se espalhou. A substância emitia uma luz azul que gerou fascínio em Devair. O irmão de Devair, Ivo Alves Ferreira, levou parte para casa e mostrou para a filha, Leide das Neves, de seis anos de idade.
Ela tocou na substância e, com as mãos ainda sujas, pegou e comeu um ovo cozido que a mãe havia acabado de preparar. Leide ingeriu césio e morreu dias depois, tornando-se a vítima símbolo da tragédia.
Tudo que foi identificado com contaminação foi recolhido e armazenado em um depósito coberto por um aterro, localizado no Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, em Abadia de Goiás.
Ao todo, resíduos parciais ou totais de 46 casas, 50 veículos, 45 ruas, árvores, calçadas, roupas, utensílios domésticos e até animais sacrificados foram recolhidos e viraram lixo nuclear.
Goiânia 90 lugares
Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.
A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.
As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis
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