*Com informações do site Futebol de Goyaz

Clube de futebol mais antigo ainda em atividade em Goiânia, o Atlético Clube Goianiense comemora o seu 84º aniversário neste 2 de abril de 2021. Fundado em 1937, ao longo da sua história se estabeleceu como um dos pioneiros do futebol goiano. Primeira agremiação goiana a conquistar um título nacional, quando ganhou o Torneio de Integração Nacional de 1971, foi também a primeira a ser campeã brasileira.

Durante uma época de dificuldades para o clube campineiro, quando teve um jejum de títulos entre os anos 70 e 80, encerrado com os títulos do Campeonato Goiano em 1985 e 88, teve outra importante conquista em pouco tempo: a da Série C do Campeonato Brasileiro de 1990. Naquela época, teve a ascensão de muitos jogadores formados no clube e contou com contratações pontuais para as suas glórias.

Detalhes do time
  • Time-base: Márcio Defendi; Mery, Varta, André e Zé Valdo; Luís Almeida, Ramon e Júlio César; Gilson Batata, Sílvio e Paulo César Jabuticaba. Treinador: Homero Cavalheiro

Em um torneio de curta duração, disputado entre setembro e dezembro, o Atlético já tinha um elenco construído ao longo da temporada, e que ganhou força a partir do trabalho de Homero Cavalheiro, treinador que veio do futebol gaúcho. O comandante técnico atleticano trouxe consigo um jovem Celso Roth, então preparador físico, que anos mais tarde também se tornaria um consagrado treinador no futebol brasileiro.

Com uma formação consistente, seis jogadores participaram de toda a campanha: o goleiro Márcio Defendi, o zagueiro Varta, o lateral-esquerdo Zé Valdo, o volante Luís Almeida e os meias-atacantes Júlio César e Paulo César Jabuticaba. O lateral-direito Mery, o zagueiro André e o atacante Gilson Batata foram outras presenças constantes. Depois de iniciar com Fernando Almeida e Sidney no ataque, a entrada de Ramon no meio-campo deu maior equilíbrio à equipe e o centroavante Sílvio também foi um reforço importante.

Entre outros membros importantes do grupo, o goleiro Renato, o lateral Paulinho Goiano, o zagueiro Ferreira e o volante Marcinho, aquele grupo teve ainda o surgimento do meia Lindomar. Histórico jogador rubro-negro, formado na base do clube campineiro, o jovem disputou a sua primeira partida no campeonato justamente na grande decisão, no segundo jogo da final contra o América Mineiro.

Campanha do Dragão

Depois de uma campanha ruim na Divisão Especial de 1989, equivalente à segunda divisão do Campeonato Brasileiro à época, quando foi o último colocado da sua chave, o Atlético também não teve bom desempenho no Campeonato Goiano seguinte. Em 1990, novamente foi o último colocado do seu grupo e, fora da disputa pelo título, evitou um rebaixamento no torneio estadual com uma grande recuperação na fase seguinte.

Após encerrar o Goianão de forma invicta na repescagem, se preparou para a Série C no segundo semestre do ano. O seu primeiro jogo aconteceu somente quatro meses depois, em 29 de setembro: uma goleada por 4 a 1 sobre o Vila Nova, repetindo o placar que já havia aplicado sobre o rival meses antes, no estadual. Em tempos de difícil acesso à informação, os colorados eram os adversários mais conhecidos no torneio.

No Grupo D, também enfrentou o Gama, do Distrito Federal, o Ubiratan, do Mato Grosso do Sul, e o União de Rondonópolis, do Mato Grosso. Soberano na chave, teve 100% de aproveitamento, com quatro vitórias em quatro jogos – além dos 4 a 1 no Vila Nova, triunfos por 1 a 0 sobre o Gama, 5 a 1 no Ubiratan e 2 a 1 em cima do União. Foi também o líder, com oito pontos – na época, a vitória valia dois pontos.

Na fase final, já pelas quartas de final, voltou a enfrentar o Gama. No primeiro jogo, disputado no Distrito Federal, sofreu a primeira e única derrota em todo o campeonato, quando levou um gol no final da partida e perdeu por 1 a 0. Na volta, no Serra Dourada, o troco veio com goleada: vitória por 4 a 0. Segundo os atletas, um resultado fundamental na campanha, que alavancou o grupo rumo ao título.

O retorno para a segunda divisão foi conquistado na semifinal, com duas vitórias sobre o América de Natal. No Rio Grande do Norte, triunfo por 2 a 0. Em Goiânia, nova goleada, desta vez por 5 a 2. Pelo regulamento, o time garantiu o acesso. Por outro lado, em um período de mudanças no Campeonato Brasileiro, a terceira divisão voltou a ser extinta em 1991 e a Série B agregou outros clubes que não tiveram o desempenho atleticano.

De qualquer forma, ninguém teve a conquista dos campineiros na final do torneio, disputado contra o América Mineiro. Tanto no Independência, em Belo Horizonte, como no Serra Dourada, dois empates sem gols. A decisão acabou nos pênaltis: com defesas importantes de Márcio Defendi e o gol final de Júlio César, o Atlético se sagrou campeão brasileiro pela primeira vez em 9 de dezembro de 1990.

Protagonista do título

Além de ter marcado o gol decisivo para o título, o meia-atacante Júlio César foi o grande craque daquela Série C, artilheiro não apenas do time rubro-negro, mas de toda a competição. Em dez partidas disputadas, balançou as redes também em dez oportunidades, das quais marcadas em sete partidas diferentes, com direito a três tentos na semifinal e outros dois nas quartas de final.

Ídolo atleticano, seu desempenho pelo clube de Campinas valeu uma transferência para outro clube rubro-negro, o Flamengo, onde voltou a ser campeão brasileiro, desta vez da primeira divisão, em 1992, inclusive com gol no segundo jogo da final disputada contra o Botafogo. Depois, Júlio César também teve passagens importantes por clubes como Guarani, Atlético Mineiro, Vila Nova, Paysandu, Figueirense e Anapolina.

Em entrevista à Sagres, o ex-meia ressaltou que “o Atlético me proporcionou tudo o que conquistei e onde cheguei, então falar de Atlético é falar da minha vida e história, e só tenho agradecimentos por esse querido clube, pelo qual tenho uma profunda estima. Iniciei a carreira no clube em 1979, aos 12 anos de idade, cheguei ao profissional entre 1986 e 87 e comecei a me firmar na equipe principal. A partir dali, em 88, campeão goiano, e em 1990, um momento único e áureo da minha carreira”.

“Um momento especial do Dragão também”, celebrou Júlio César, campeão da Série C, “onde também consegui ser artilheiro da competição, com 10 gols. O Dragão, naquele ano, foi uma equipe formada em um momento muito interessante, porque, em 88, fomos campeões goianos e, em 89, disputamos uma Série B com muitas dificuldades, no Campeonato Goiano também de altos e baixos, e com isso não foi um ano brilhante para quem tinha sido campeão goiano em 88, houve muita mudança no elenco”.

“Em 90, novamente a diretoria, se não me engano o presidente Carlos Gardel, formou um elenco com alguns jogadores que foram contratados e com um pessoal que já vinha dando sequência em outros anos. Foi uma competição muito boa, a equipe encaixou e foi formada por um grande treinador, o Homero Cavalheiro, e o preparador físico, o Celso Roth. Deu tudo certo, fomos muito felizes, um elenco promissor, que correspondeu às expectativas e que se sagrou campeão brasileiro”, completou o ex-meia.