Atletismo brasileiro: Glórias mundiais e preocupação com o futuro

No dia 09 de outubro é comemorado o “Dia do Atletismo”, data criada para homenagear o esporte considerado por muitos como o esporte-base. Sua prática corresponde a movimentos naturais do ser humano: correr, saltar, lançar.

Não por acaso, a primeira competição esportiva de que se tem notícia foi uma corrida, nos Jogos de 776 A.C., na cidade de Olímpia, na Grécia, que deram origem às Olimpíadas. A prova, chamada pelos gregos de “stadium”, tinha cerca de 200 metros e o vencedor, Coroebus, é considerado o primeiro campeão olímpico da história.

Em sua moderna definição, o Atletismo é um esporte com provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), o pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona), corridas em campo (cross country), corridas em montanha, e marcha atlética.

Atletas brasileiras do revezamento 4×100.

A prática do Atletismo no Brasil iniciou-se por volta de 1850 e, segundo a Confederação Brasileira de Atletismo, provavelmente foi inserida no território por marinheiros ingleses. Apesar de ser uma prática antiga, apenas nos Jogos de Paris, em 1924, o Brasil criou a sua primeira equipe de Atletismo olímpica.

Corrida de São Silvestre é a competição de atletismo mais famosa no Brasil. Acontece todos os anos no dia 31 de dezembro, na capital de São Paulo, desde 1925.

História

A história do Atletismo acompanha ser humano desde os tempos dos nossos ancestrais. E sua prática primitiva ajudou na luta pela fuga dos predadores e na busca por alimentos. Para isso era preciso correr, saltar obstáculos e lançar objetos. Há indícios da prática do Atletismo há pelo menos cinco mil anos, primeiro no Egito e na China e, logo depois, na Grécia.

O Atletismo recebeu seu formato moderno no começo do século 19, na Inglaterra. Como nos Jogos da Grécia Antiga, o Atletismo permanece como o principal esporte olímpico dos tempos modernos. 

No Brasil, o Atletismo começa nas últimas décadas do século 19. Nas três primeiras décadas do século 20, a prática atlética foi consolidada no País. Em 1924, o País participou pela primeira vez do torneio olímpico, ao mandar uma equipe aos Jogos de Paris, na França. No ano seguinte, em 1925, foi instituído o Campeonato Brasileiro. 

Em 1932, Clovis Rapozo (oitavo no salto em distância) e Lúcio de Castro (sexto no salto com vara) chegaram às finais nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos estados Unidos. Quatro anos depois, Sylvio de Magalhães Padilha foi o quinto nos 400 m com barreiras nos Jogos de Berlim, na Alemanha. 

Em 1952, nos Jogos de Helsinque, na Finlândia, Adhemar Ferreira da Silva conquistou a medalha de ouro no salto triplo, em 23 de julho, três dias depois de José Telles da Conceição ganhar a de bronze no salto em altura. 

Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro bi campeão olímpico brasileiro.

Adhemar foi o primeiro dos grandes triplistas brasileiros, a subir ao pódio olímpico e a estabelecer recordes mundiais na prova. Ele foi bicampeão quatro anos depois, em Melbourne, na Austrália. Depois, Nelson Prudêncio ganhou prata e bronze, e João Carlos de Oliveira, duas de bronze.

Bolsa atleta

Criado em 2005, o Bolsa Atleta é um programa federal que visa fomentar o desenvolvimento dos atletas brasileiros. Ele patrocina individualmente atletas e para-atletas de alto rendimento em competições nacionais e internacionais.

O programa garante condições mínimas para que se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paralímpicas. 

Nas Olimpíadas de 2021 em Tóquio no Japão, 242 competidores brasileiros foram bolsistas integrantes do programa. Eles representam 80% dos 302 atletas que compuseram a delegação do Brasil nos jogos. Em 18 das 33 modalidades de que o Brasil participou, 100% dos atletas receberam a bolsa.

Quarteto brasileiro do revezamento 4×100 metros livres.

Quando assumiu a presidência, Jair Bolsonaro (PL) colocou como meta para os seus 100 primeiros dias de governo a modernização do Bolsa Atleta. No entanto, para equilibrar as contas, o governo aproveitou o cenário atípico da pandemia e não lançou novos editais do Bolsa Atleta desde então. Com isso, novos pretendentes não tiveram acesso ao benefício. 

Futuro ameaçado

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) apresentado pelo governo Bolsonaro para o ano de 2023 prevê corte drástico na área do esporte, tantas vezes elogiada pelo ocupante do Palácio do Planalto.  Segundo a proposta do governo federal, está proposto para a área do esporte R$ 193.875.002. O valor apresentado representa um corte de 36% no esporte

O orçamento destinado ao esporte está dividido em duas áreas: desporto de rendimento e comunitário. O primeiro sofreu um corte de 14% (passou de R$ 215,3 milhões para R$ 184,9 milhões; já o segundo teve corte de 90%, ou seja, passou de R$ 86,9 milhões para R$ 8,9 milhões). 

Alisson dos Santos foi campeão mundial dos 400 metros com barreiras em 2022.

As sucessivas trocas de comando na chefia da Secretaria Especial de Esporte são apontadas como reflexo da militarização e do aparelhamento promovidos pelo governo federal. A inexistência de um Ministério do Esporte, já que a atual gestão extinguiu a estrutura administrativa, é um dos principais pontos de crítica.

O trajeto de um atleta até o pódio olímpico depende de vários fatores, não apenas do aporte financeiro. Muitas dessas coisas não são mensuráveis, como apoio técnico, nutricional, estrutura para treinos, e até questões emocionais e psicológicas.

A importância de programas como o Bolsa Atleta, portanto, está atrelada ao fato de o atleta ter recursos mínimos para se manter no esporte. Na prática, a redução no programa abre um preocupante espaço para que atletas desistam de suas carreiras por dificuldades financeiras. 

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