Por muitos anos, as histórias que ouvimos sobre povos negros ou de origens diferentes das que acreditamos pertencer foram contadas, sobretudo nos livros de História, apenas por outras pessoas. Raramente víamos o próprio povo negro contando suas origens e tradições. Mas esse cenário vem mudando pouco a pouco e um dos exemplos de onde ocorrem essas práticas é o Slam. 

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Slam são batalhas de poesia falada que surgiram nos anos 1980, nos Estados Unidos. A técnica de usar uma competição foi a forma utilizada para chamar a atenção das pessoas para os textos e a performance dos poetas. No Brasil, o Slam chegou em 2008, na cidade de São Paulo, a partir da artista Roberta Estrela D’Alva. Daí em diante, vários outros foram surgindo, assim como os Saraus.

Uma das artistas que compõe esse cenário é Tawane Theodoro. Com apenas 24 anos, ela já é autora de dois livros, feitos no estilo poesia marginal, e é uma das organizadoras do Sarau do Capão. 

Entrevistada pela reportagem do Sistema Sagres de Comunicação durante o Congresso de Jornalismo de Educação, em São Paulo, realizado em setembro, a artista ressaltou que contar a própria história já é, por si só, algo muito histórico. 

“A juventude está dominando a poesia marginal porque é um movimento que tem a linguagem dos jovens, traz críticas sociais que, em sua maioria, é o sentimento que o jovem tem mais aflorado para falar”, disse Tawane. “É a gente contando nossa própria história. Por muito tempo eram sempre terceiros que faziam isso”, completou.

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Segundo a poeta, o primeiro contato que teve com esse estilo de arte foi no Cursinho Popular Carolina de Jesus. “Eles passaram uma lição de casa para fazer, era uma poesia. Eu consegui fazer e pensei: ‘Nossa, é incrível, consigo me expressar através disso, consigo falar sobre problemáticas dentro dessa poesia e as pessoas vão parar para escutar'”, lembrou. 

Autora dos livros “AfroFenix” e “A pluralidade da poeta”, Tawane contou momentos marcantes da sua trajetória de 6 anos como artista. 

“A gente faz eventos do Sarau do Capão desde 2017 e foi muito lindo ver aristas entrando tímidos para se apresentar e hoje já frequentam espaços maiores, estão com suas carreiras de artista” e finaliza: “ASsim como o lançamento dos meus livros. Já recebi depoimentos de leitoras que conseguiram identificar, após uma de minhas poesias, que tinham um relacionamento abusivo, terminaram com esse abusador. Isso é algo bem marcante para mim”. 

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