Foto: Maykon Cardoso / Assembleia Legislativa
A unanimidade dos deputados estaduais para confirmar a reeleição de Lissauer Vieira (PSB) na presidência da Assembleia Legislativa não escondeu a intensa batalha travada em torno do cargo de primeiro-secretário da Casa. A chapa formada por Lissauer contava com a manutenção do deputado de oposição, Cláudio Meirelles (PTC). No entanto, Ronaldo Caiado entrou pessoalmente na questão nos últimos dois dias e a orientação para a base foi de que a retirada de Cláudio e substituição por Álvaro Guimarães (DEM) representaria “questão pessoal” do governador.
A primeira secretaria é o cargo mais importante da Mesa Diretora depois da presidência, já que depende dele para a assinatura de autógrafos de lei para que projetos aprovados na Alego sejam encaminhados ao governador. Cláudio Meirelles tem usado todo o tempo regimental para a análise dos autógrafos, em vez de agilizar o processo.
A indicação de Cláudio contou com 26 assinaturas, mas, durante o processo, o governo conseguiu reverter a situação e, diante da iminente derrota, Cláudio Meirelles retirou sua candidatura à primeira secretaria. A eleição da Mesa Diretora foi antecipada de junho de 2020 para agora, com a intenção de garantir a reeleição de Lissauer Vieira.
Ao admitir a derrota, Cláudio Meirelles avisa que terá posição ainda mais radical na oposição a Caiado. Ele continua na primeira secretaria no mandato atual, que vai até janeiro de 2021. “É uma pena que nós tenhamos no Estado de Goiás um governador que interfere numa questão tão pequena, de primeira secretaria, lançando um candidato da base sob pressão”, criticou. “Esse governo leva e traz fofoca, eu já estou ficando velho, eu não dou conta de ficar me humilhando para governo, esquece alguns que eu tenho mandato o final de 2020 com primeiro-secretário, acharam que era radical, radicalidade vai começar a partir de hoje”.
O deputado escolhido para a primeira secretaria, Álvaro Guimarães (DEM), nega que tenha vencido a disputa apenas por conta de pressão do governo sobre os deputados da base. “Não houve interferência nenhuma, eu estou aqui há muitos anos, já fui primeiro-secretário, já fui em segundo-secretário, essa oportunidade surgiu, eu me candidatei, claro que a maioria é da base do governo, porque eu também sou da base, e por isso o resultado você já sabe”, afirmou. “O Cláudio é oposição, se ele vai fazer oposição ele está no papel dele, ele escolheu o caminho dele de não aceitar os projetos do governo, mas o governo, com certeza, terá a maioria como está tendo nos últimos tempos”, completou.
Já o presidente reeleito da Alego, Lissauer Vieira, garante que a atuação de Cláudio Meirelles está restrita aos limites do Regimento Interno. “A casa nunca foi a posição e não será, a Casa é independente, agora os deputados têm opção de ser oposição ou não. O deputado Cláudio é primeiro-secretário hoje, foi eleito legitimamente, continua primeiro-secretário nesse mandato até o final de janeiro de 2021, ele tem o direito por regimento, o que ele puder fazer nós respeitaremos, o que não pode ser feito é fora do rendimento”, pontuou. “A partir do momento que a candidatura do deputado Álvaro foi imposta e a vontade deles expressada em disputar, todos nós sabíamos que era um desejo do Governo do Estado, a base hoje está bem mais consolidada”, apontou.
Depois de reeleito, Lissauer Vieira aponta que a Casa deve continuar independente e que a principal meta é terminar a nova sede do Legislativo até o fim de 2022. “Um dos principais objetivos, nós temos garantido alguns recursos, nas questões burocráticas nós não tivemos problema, nós vamos conseguir concluir essa obra dentro desses próximos três anos e três meses que nós temos”, avaliou. “Eu creio que é perfeitamente possível, claro que tem as burocracias e os entraves podem acontecer, mas tudo está no cronograma para nós concluirmos a obra, que será um grande feito para esta legislatura e principalmente para mesa diretora que foi eleito hoje para o segundo biênio”, completou.
Uma disputa ainda ficou pendente na Alego depois da eleição da mesa para o biênio 2021/2022. Os deputados criaram um novo cargo – o de terceira vice-presidência, que precisa ser ocupado na atual gestão, que vai até janeiro de 2021. A eleição causou disputa entre cinco parlamentares que se apresentaram como candidatos. Adriana Accorsi (PT), Wagner Neto (PROS), Henrique César (PSC), Humberto Aidar (MDB) e houve a indicação de Paulo César Martins (MDB). Humberto Aidar recuou quando foi lembrado de que, se fosse eleito, perderia a presidência da CCJ.
Lissauer Vieira ainda busca consenso para a eleição à 3ª vice. “Sempre tento o consenso, hoje eu trabalhei desde às 7h, até às duas vezes que foram suspensas a sessão para dar o consenso na primeira secretaria, para ter um consenso na segunda vice-presidência e consegui sucesso, o nosso compromisso lá atrás era com MDB e continua sendo com MDB, o deputado Paulo César Martins não estava presente, mas ele deve ter a intenção de disputar e se tiver intenção assim nós vamos tentar um consenso”.
*Reportagem de Rubens Salomão