O presidente do Goiás Marcelo Almeida, afirmou numa conversa com o repórter André Rodrigues, do Sistema Sagres de Comunicação, que não existe nenhuma possibilidade de ele e sua diretoria renunciarem e este posicionamento merece aplauso. Renunciar seria aceitar que o insucesso do clube neste ano é culpa dele e dos demais diretores, e não é.

A culpa é da forma estrutural da gestão, sobretudo no futebol. Aquele conselho com nove pessoas para dar opinião nas contratações colocou o Goiás nesta situação. Gente demais para dar opinião e ninguém para ser cobrado: quando a coisa sai errado, como estamos vendo, um joga para as costas do outro e ninguém é o responsável.

Marcelo Almeida já havia dito, antes da chegada do técnico Enderson Moreira, que pessoalmente ele não havia feito nenhuma contratação para o time. Foi nesta entrevista que ele teve a coragem de falar que o elenco estava repleto de jogadores tranqueiras – com o que concordo plenamente.

Após a chegada do Enderson acredito que o presidente tem sido voz ativa nas contratações. Como estão recentes, precisamos aguardar para ver se são melhores dos que já estavam no Goiás.

A resposta do presidente à possibilidade de renúncia se deu em função de algumas manifestações de torcedores exigindo a sua saída. Dar ouvido para exigência de torcedores é passar recibo de fraqueza. Torcedor tem resguardado por lei, o direito de torcer e vibrar nos jogos, mas para tanto precisam comprar o ingresso. Tem ainda o livre direito de expressão, facultado a todo brasileiro, mas isto não significa que a manifestação tenha de ser ouvida e acatada. Neste caso não tem nenhum motivo para a aceitação.

Outra declaração que o presidente esmeraldino deu, na mesma conversa, foi de que Enderson Moreira será o técnico do time até o final do seu mandato, que acontece em meados de dezembro. Neste caso já acho uma postura que pode passar por reavaliação.

O trabalho do Enderson Moreira está muito aquém do que o Goiás precisa. Time mal esquematizado, jogando com três atacantes e três jogadores no meio-campo, quando o ideal seria dois atacantes e quatro jogadores no meio-campo.

Tem escalado mal, insistindo com o Caju na lateral esquerda do time titular e com o Rafael Moura no ataque. O primeiro é fraco tecnicamente e os adversários já vêm sabendo disto e jogam em cima dele. Aí fica impossível para a zaga segurar o ataque adversário. Quanto ao segundo, tem categoria técnica, mas não tem mais a explosão necessária para atuar em alta performance como atacante.

Isto só para apontar duas das fragilidades do treinador. Tomara que o próprio Enderson veja que suas posições precisam ser reformuladas, que ele precisa reciclar seus conhecimentos para acompanhar a tendência tática/técnica que o futebol atual exige. Se assim não for, acredito que mesmo com a declaração de apoio do presidente Marcelo Almeida, Enderson sai antes do final do mandato do atual presidente.