Foto: Marcello Zambrana/Estadão Conteúdo 

A linguagem do futebol é universal. O direito de manifestação do torcedor precisa ser pleno, desde que exercido com ética e respeito. A discriminação no futebol é comum quando há distinção de credo, raça ou origem. No entanto, no episódio de ontem (12), no jogo Santos 3 x 0 Vasco, no Estádio do Pacaembu, houve discriminação contra o goleiro Sidão. Ele não fez uma grande partida. Falhou no primeiro gol do Santos ao sair jogando errado e em outros lances.

A Rede Globo, numa clara demonstração de prestigiar o seu telespectador, criou o prêmio de melhor jogador da partida com a votação direta pela internet. O processo democrático de escolha do craque foi esculhambado por alguns telespectadores da emissora. Ontem, muitas pessoas votaram no Sidão como o protagonista do jogo para zombar dele. Foi uma escolha preconceituosa, que deixou a repórter da Globo e o goleiro constrangidos na hora da entrega do prêmio. Uma cena triste que envergonhou os desportistas do Brasil inteiro.

A falta de pudor de alguns telespectadores levará à Rede Globo a mudar a forma da escolha do craque do jogo. É mais um canal de interação que se fecha ou que sofrerá limitações por causa da insensatez de algumas pessoas.

É preciso entender a extensão da discriminação. A escolha do Sidão como craque do jogo de ontem foi uma forma inconteste de discriminação. Foi uma humilhação, com o mesmo peso de uma banana lançada no gramado.

O futebol não merece isso. Segundo o Observatório de Discriminação Racial no futebol 90 por cento dos casos de discriminação no esporte ocorrem em eventos do futebol.

O futebol precisa se livrar desta chaga!