O presidente durante live nesta quinta-feira (26), sem máscara (Foto: Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro)

Sem usar máscara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a chamar a Covid-19 de gripe. Desta vez, não usou o termo no diminutivo. Foi na tradicional live de quinta-feira (26) no Facebook, na qual voltou a defender a retomada da “normalidade” da economia no país. 

“Queremos que não haja morte nenhuma no Brasil por causa desse vírus, mas esse vírus é igual a uma chuva. Fechou o tempo, trovoada, você vai se molhar, e vamos tocar o barco. Não vou minimizar a gripe que, dizem aí os infectologistas, para 90% da população essa gripe não é quase nada. Não vou falar ‘gripezinha’ senão vão me criticar, né?”, disse.

O presidente mencionou a primeira morte registrada em Goiás e que ocorreu nesta quinta-feira (26), no municípío de Luziânia. A vítima, uma idosa de 66 anos, sofria de diabetes, hipertensão e teve, recentemente, dengue. 

“Essa pessoa que morreu lá tem três outras enfermidades, a gente lamenta. Pelo que vi, o coronavírus era a enfermidade menos grave que ela tinha. Então é um somatório de problemas da vida pregressa da pessoa, fraca muitas vezes e com problemas outros, comorbidades, e veio a falecer”, argumenta. 

Goiás soma 39 casos confirmados de coronavírus. Em todo o país, são 2.915 registros, de acordo com o Ministério da Saúde, e 78 mortes.

Novela

A postura de Bolsonaro diante da pandemia resultou no rompimento do governador Ronaldo Caiado com o chefe do Executivo nacional. Em entrevista à Sagres, o líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL), diz que quer atuar como Bombeiro para restabelecer a relação entre os dois. Hoje (26), Bolsonaro respondeu em coletiva em Brasília, dizendo ser apaixonado pelo democrata goiano

Auxílio para autônomos

Na live, Bolsonaro anunciou ainda o aumento do auxílio emergencial para os trabalhadores informais durante a pandemia do novo coronavírus, que será de R$ 600 por mês. O valor corresponde ao triplo informado inicialmente e será pago durante três meses.

“Aquela ajuda inicial para os informais, de R$ 200, que é muito pouco, conversei com Paulo Guedes, e ele resolveu triplicar esse valor”, afirmou o presidente. O auxílio é voltado aos trabalhadores informais (sem carteira assinada), às pessoas sem assistência social e à população que desistiu de procurar emprego.

A medida é uma forma de amparar as camadas mais vulneráveis à crise econômica causada pela disseminação da doença no Brasil, e o auxílio será distribuído por meio de vouchers (cupons). De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de informalidade (trabalhadores sem carteira assinada ou empreendedores sem registro, por exemplo) atinge 41,1% da força de trabalho ocupada no país.

O Ministério da Economia ainda não informou quanto esse novo valor do auxílio emergencial custará aos cofres públicos. Na época em que foi anunciado o voucher no valor de R$ 200, o ministro Paulo Guedes afirmou que o auxílio custaria, no total, R$ 15 bilhões. Os vouchers poderão ser retirados por pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, instrumento administrado pelo Ministério da Cidadania que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, desde que o interessado não receba nenhum benefício social, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

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Isolamento

Durante a live, o presidente voltou a criticar as medidas que restringem o comércio e determinam o isolamento social generalizado. Para Bolsonaro, o país deveria adotar o chamado “isolamento vertical”, em que ficam recolhidas somente as pessoas que fazem parte de grupo de risco, como idosos e população com doenças crônicas. “Essa neurose de fechar tudo não está dando certo. Para combater o vírus, estão matando o paciente”, afirmou.

O isolamento social e o cancelamento de eventos, shows, fechamento de museus, cinemas e restrição de serviços não essenciais estão entre as principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter o avanço do novo coronavírus.

Além de defender a flexibilização das medidas de isolamento, Bolsonaro alertou que cabe às famílias cuidar da proteção das pessoas que estão no grupo de risco para a covid-19. Segundo ele, a letalidade da doença é baixa e não pode paralisar a economia.

“Para 90% da população, essa gripe é quase nada. [Para] quem tem menos de 40 anos, uma vez infectado, a chance de óbito é próxima a zero, de uma para cada 500 pessoas”, disse. “A primeira pessoa a se preocupar com o grupo de risco é você. Não é esperar que o governo faça, o governo está fazendo muita coisa, mas não pode fazer tudo que acham que o Estado pode fazer”, completou.

De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, divulgada nesta quinta-feira (26), o país registra 2.915 casos confirmados de covid-19 e 77 mortes causadas pela doença. A taxa de letalidade é de 2,7%. Considerando um mês após o primeiro infectado, o Brasil fica atrás da China (213 mortes e 9.802 casos), mas à frente da Itália (29 mortes e 1.694 casos).

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